
“Jesus recorda-lhes que Ele é o primeiro pobre, o mais pobre entre os pobres, porque os representa a todos.
Por Joaquim Armindo
E é também em nome dos pobres, das pessoas abandonadas, marginalizadas e discriminadas que o Filho de Deus aceita o gesto daquela mulher [que derramou sobre si o unguento que custava muito dinheiro]. Esta, com a sua sensibilidade feminina, demonstra ser a única que compreendeu o estado de espírito do Senhor. Esta mulher anónima – talvez por isso destinada a representar todo o universo feminino que, no decurso dos séculos, não terá voz e sofrerá violências –, inaugura a significativa presença de mulheres que participam no momento culminante da vida de Cristo: a sua crucifixão, morte e sepultura e a sua aparição como Ressuscitado. As mulheres, tantas vezes discriminadas e mantidas ao largo dos postos de responsabilidade, nas páginas do Evangelho são, pelo contrário, protagonistas na história da revelação. E é eloquente a frase conclusiva de Jesus, que associa esta mulher à grande missão evangelizadora: “Em verdade vos digo: em qualquer parte do mundo onde for proclamado o Evangelho, há de contar-se também, em sua memória, o que ela fez (Marcos 14, 9).”
Destaco esta parte importante, no referente às mulheres, da Mensagem do bispo de Roma e papa Francisco, para o Dia Mundial dos Pobres, e não é por acaso, pois de facto as mulheres que dão tudo o que têm a Jesus e à Igreja, são ainda vozes sem vez, a reclamarem, como muitas mulheres cristãs na Europa, o direito de estarem nos conclaves de reflexão da Igreja, são como Jesus naquele tempo, pobres, que -segundo Francisco -, de qualquer latitude e condição que nos evangelizam, “porque permitem descobrir de modo sempre novo os traços mais genuínos do rosto do Pai” – afirma Francisco – que devem ser “colocados no centro da Igreja”.
Para Francisco há que abordar a pobreza de uma forma diferente, um desafio aos governos e instituições mundiais para um “modelo social clarividente, capaz de enfrentar as novas formas de pobreza que marcam o mundo e marcarão de maneira decisiva as próximas décadas”, eles estão colocados à margem “como se fossem culpados da sua situação”, mais adiante afirma “temos de confessar que não passamos de uns incompetentes”, por que como cristãos temos de encontrar uma forma alternativa, ao estado do “bem estar”. O amor que nos convida a ir ao encontro dos pobres e aprender com eles, este é o critério para construir o futuro, porque “a assistência imediata para acorrer às necessidades dos pobres não deve impedir de ser clarividente para atuar novos sinais do amor e da caridade cristã como resposta às novas pobrezas que experimenta a humanidade de hoje.”