50 anos do COPIC-Conselho Português de Igrejas Cristãs

Não poderia celebrar-se o encontro dentro das instalações do Centro Ecuménico da Figueira da Foz, que marcou, em 1971, a fundação do COPIC – Conselho Português de Igrejas Cristãs, dado o número muito elevado de cristãos das tradições religiosas do COPIC e de outras denominações religiosas; mas foi de uma varanda, com muitas centenas de pessoas – mau grado a inexplicável presença da polícia política -, que se proclamou o objetivo de unir, ecumenicamente, igrejas cristãs de Portugal, neste caso as Igrejas Lusitana, Católica. Apostólica, Evangélica, Metodista Portuguesa e Presbiteriana de Portugal, às quais se veio juntar a Igreja Alemã do Porto.

Por Joaquim Armindo

Neste ano de 2021 celebrou-se no dia 10 de junho os seus 50 anos, que serão comemorados em cerimónia privada, tendo em conta a pandemia, na Catedral de São Paulo da Igreja Lusitana – Lisboa. A Igreja Lusitana integrou-se na Comunhão Anglicana, sendo o seu Metropolita o senhor Arcebispo de Cantuária. Em 1971 estava um dia lindo de sol, que pairava pelos pinheiros à sua volta e o mar por fundo.

Mas, também, lembremos que mesmo tempo dessa proclamação, um grupo de mais de meia centena de jovens se reunia, para analisar o momento que o nosso Portugal vivia, a braços com uma guerra colonial e o movimento ecuménico de igrejas que filiadas no Conselho Mundial de Igrejas (CMI). Este Conselho pugnava pela Paz, entre Portugal e os movimentos de libertação africanos. De entre estes jovens reunidos alguns estavam já no serviço militar, castigados pela sua intervenção a favor da Paz e do Evangelho.

É justo lembrar a moção então aprovada e entregue ao COPIC, sobre os olhos da polícia política. Lembrava a moção a Assembleia Geral do CMI – Upsala -68, e pedia aos dirigentes do COPIC – na sua direção não existiam jovens -, que era necessário “fazer sua a causa dos deserdados da sorte e fazer-se porta voz das massas”, “tomar posição aberta exigindo que seus fieis tomem consciência da necessidade da revolução”, “unir seu serviço social e educativo a fim de despertar a consciência pública para as realidades da situação existente” e apelar para a formação de uma Comissão Nacional de Jovens, que na base da “mensagem de Taizé”, una os “seus dotes e bens à luta pela dignidade humana, justiça e liberdade”. Moção aprovada com duas abstenções.

Ontem com a polícia política, hoje com o Presidente da República, numa sociedade aberta e democrática, mas cujos desígnios de opção pelos mais pobres e pela Terra, ainda são fortes correntes que o movimento ecuménico tem de rebentar.