Na quinta-feira, 10 de junho, o Papa Francisco enviou uma carta ao cardeal Reinhard Marx rejeitando a sua demissão de arcebispo de Munique e Freising na Alemanha. O Santo Padre respondeu desta forma à carta do cardeal Marx na qual este apresentava ao Papa a sua renúncia ao cargo de arcebispo devido aos casos de abusos sexuais na Alemanha.
O Papa assinala na sua carta que “toda a Igreja está em crise por causa do caso dos abusos” e afirma a necessidade de se “enfrentar a crise, pessoal e comunitariamente” frisando que esse “é o único caminho frutuoso, porque não se sai de uma crise sozinho, mas em comunidade” – escreve o Papa.
Francisco concorda com a análise feita pelo cardeal Marx na sua carta: “Concordo contigo ao descrever a triste história dos abusos sexuais e a maneira como a Igreja tem lidado com ela até recentemente como uma catástrofe. Perceber esta hipocrisia na forma como vivemos nossa fé é uma graça, é um primeiro passo que devemos dar. Devemos assumir a história, tanto pessoalmente como comunidade. Não podemos ficar indiferentes a este crime” – diz o Papa.
Recordemos que na sua carta de renúncia, o cardeal Marx referia o estudo encomendado em 2018 pela Conferência Episcopal Alemã que, segundo o purpurado, demonstra de forma consistente, que houve “muitas falhas pessoais e erros administrativos”, mas também “falha institucionais ou sistémicas”. Nessa sua carta de renúncia o arcebispo de Munique considerava que na Igreja algumas pessoas não querem “qualquer reforma e diálogo de renovação em ligação com a crise dos abusos”.
A esta atitude de grande impacto do cardeal Reinhard Marx, que é um dos principais colaboradores do Papa no Conselho de Cardeais, Francisco reage agora com uma carta na qual não aceita a demissão do cardeal Marx e renova a sua missão como arcebispo de Munique dizendo:
“Se te sentires tentado a pensar que, ao confirmar a tua missão e não aceitar a tua renúncia, este bispo de Roma (teu irmão que te ama) não te entende, pensa no que Pedro sentiu diante do Senhor quando, à sua maneira, apresentou a renúncia: ‘afasta-te de mim, que sou um pecador’, e ouve a resposta: ‘apascenta as minhas ovelhas’” – escreve o Papa.
RS