Jornais das Dioceses: modelos de presença junto das comunidades

Retomamos, na esteira da  Mensagem do papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações sociais, acentuando o valor da proximidade para a oportunidade e eficácia da comunicação: “Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”, alguns exemplos dessa proximidade.

Por M. Correia Fernandes

Procuramos por isso valorizar o papel da imprensa regional, e particularmente da de inspiração cristã, como um universo de projetos e edificações que procuram pôr em práticas esta dimensão da comunicação, ao lado e em colaboração co0m tantas outras iniciativas informativas e formativas que valorizam a nossa sociedade.

As associações do sector da imprensa regional têm vindo a repetir esforços para que o poder político atenda a essa dimensão, agora valorizada pela palavra do Papa. Também o Presidente da Comissão Episcopal acentua o valor humano desta proximidade ao assinalar que neste tempo de dificuldade, mais importante se torna a presença de uma informação que acompanhe as comunidades e lhes transmita o sentido de equilíbrio humano e social que brota da palavra evangélica, e que tanta falta faz no equilíbrio dos valores que devem orientar a nossa sociedade, em contraponto com a vacuidade, a superficialidade, a agressividade, a leviandade das mensagens divulgadas pelas chamadas “redes sociais”. Neste quadro, a imprensa regional e a imprensa de inspiração cristã desenvolve um trabalho educativo e cultural de presença e proximidade, assumindo essa missão com entusiasmo e dedicação.

Em textos anteriores prestamos atenção a publicações da diocese do Porto e a algumas outras de diversos locais do país. Lembramos Notícias de Viana, Correio do Vouga, Diário do Minho, Correio de Coimbra, Notícias de Beja, a Defesa de Évora).

Hoje orientamos a atenção do leitor para as publicações de outros espaços geográficos e eclesiais dos nossos vizinhos, lembrando que as dioceses do país possuem o seu boletim diocesano, geralmente de periodicidade semanal. Observamos como procuram cumprir, mais que a doutrinação, a presença e a atenção à vida e iniciativas das comunidades, “onde estão e como são”, no dizer de Francisco.

Como os já referidos, variam as suas dimensões físicas, mas aproximam-se as suas intenções e objetivos.

Voz de Lamego

Intitula-se “semanário diocesano regionalista”, é dirigido por Manuel Pereira Gonçalves e publica-se com 16 páginas, tal como a Voz Portucalense. Na edição de 25 de maio valoriza o papel do Rádio Clube de Lamego, a celebração do Dia do Advogado, as dificuldades da Misericórdia de Lamego, agravadas pela pandemia, as atividades do Rotary Clube de Lamego e um prémio para um vinho licoroso, produzido na região.

Há depois a atenção aos ensinamentos e mensagem papais e as mensagens dos textos litúrgicos, uma, uma conferência sobre “A aliança do pensar e do agir”, o Dia da Língua Portuguesa e a recordação da figura histórica representada na cidade pela estátua que lhe é dedicada. Há também a atenção ao desporto local e a um tema ultimamente debatido, a violência em contexto escolar, bem como a retoma da presença do comboio histórico que percorre as margens do Douro.

Este Boletim constitui assim um retrato que amplo espectro informativo e formativo que valoriza o universo daquela cidade duriense, com aquela sua faceta duriense, mostrado uma interioridade de profundos valores culturais.

A Guarda

Avancemos para leste, e encontramos A Guarda. Designado “Semanário católico regionalista”, dirigido por Francisco Barbeira. O número de 27 de maio salienta o “capital humano” dos seminários, ao lado da despoluição dos rios que afeta os cursos de água locais. Muitos aspectos regionais são complementados com outros de carácter cultural, com o “Prémio Eduardo Lourenço”, em homenagem a este vulto da cultura europeia, natural de Almeida, aspectos históricos e uma atenção à riqueza local que são as gravuras do Côa, o “maior painel de arte rupestre ao ar livre” e mesmo aos vinhos da Beira que provocaram um “Raid TT”. Como jornal regional, acolhe nas suas 16 páginas eventos da cidade, além da atenção ao orçamento do Município e acontecimentos da cidade.

Exemplo de um órgão de informação que está atento aos movimentos sociais do seu espaço geográfico e cultural.