Bispo do Porto alerta para a “desvalorização” da Missa do Domingo

Foto: Rui Saraiva

D. Manuel Linda assinalou ser esta uma tendência que ocorria “já antes da pandemia”. Apontou o risco da perda do “estilo de vida crente” e de “pertença à comunidade”.

texto e fotos Rui Saraiva

No Dia do Corpo de Deus, 3 de junho, o bispo do Porto presidiu à Eucaristia na Catedral do Porto. Na sua homilia recordou as “leituras da liturgia deste dia solene do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo” assinalando que “a palavra que mais se repete é “sangue”. Referiu em particular o Evangelho no qual “é o próprio Salvador quem garante que o seu é o ‘sangue da nova e eterna aliança derramado por todos para remissão dos pecados’. Isto é, para libertar o mundo do reino do mal e, consequentemente, fazer com que o Sumo Bem, Deus, nele tenha lugar” – disse D. Manuel Linda.

Com “o gesto de Jesus, acontecido em Quinta-Feira Santa” o Senhor faz a “antecipação do Calvário” e “dá o seu próprio sangue a beber”: ‘Tomai todos e bebei’. Cristo Institui a Eucaristia “como dom mais sublime”, “Santíssimo Sacramento”, “Corpo de Deus” – frisou o bispo do Porto.

“A Igreja considera a Eucaristia como ‘centro e cume de toda a vida cristã’ (LG 11), a ponto de, na prática, a identificar com a própria condição cristã: ser crente é ir à Missa; não a frequentar é não ter fé ou tê-la de forma ténue e adormecida. Por isso, a Missa é objeto de terminação do primeiro dos cinco ‘Mandamentos da Igreja’: ‘Participar na Missa aos domingos e festas de guarda e abster-se de trabalho servil’ – afirmou D. Manuel Linda.

O bispo do Porto alertou na sua homilia para a “desvalorização” da Missa do Domingo. D. Manuel Linda, revelou mesmo sentir “angústia” por esta falta de valorização da Missa assinalando como uma tendência que ocorria “já antes da pandemia”. Corre-se o risco da perda do “estilo de vida crente” e de “pertença à comunidade” – declarou.

“Porque ao deixar-se a Missa, deixam-se as outras dimensões religiosas católicas: a fé, o estilo de vida crente e a pertença à comunidade ou Igreja. Fica, na melhor das hipóteses, uma certa ritualização da vida, fruto de hábitos sociológicos adquiridos, e que se exprimem somente nos momentos mais solenes do batismo e funeral, da Comunhão e do Crisma” – afirmou o bispo do Porto.

Na conclusão da sua homilia, D. Manuel Linda apelou à evangelização, especialmente, em tempo de pandemia: “Falemos, exponhamos, argumentemos, mostremos, expliquemos” – sublinhou. E deixou um alerta aos sacerdotes: “E nós, os celebrantes, jamais desdigamos com a banalização a sublimidade deste Mistério dos mistérios ou “Mistério da fé”. A Eucaristia é a sala do banquete, o lugar e o modo do alegre convívio entre Deus e a humanidade. Entremos na festa”.