O Papa Francisco enviou uma mensagem aos acólitos de Portugal, por ocasião da 25ª Peregrinação nacional de Acólitos (PNA) ao Santuário de Fátima, no passado dia 1 de maio.
Por Secretariado Diocesano da Liturgia
Não foi uma mera saudação protocolar, mediante uma missiva enviada «em nome» do Papa pelos serviços da Secretaria de Estado de Sua Santidade. Desta vez foi uma carta autógrafa – subscrita pelo Papa Francisco – endereçada ao Presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade. Essa modalidade dá ao documento um valor mais do que protocolar e faz dele um testemunho de proximidade e afeto mas, mais ainda, um ato de magistério. Vale a pena, portanto, ler com atenção e mensagem de Francisco aos nossos queridos acólitos.
A mensagem pontifícia resume-se em três pontos: 1) «Sê santo»; 2) «Sê original»: 3) Toma por modelo a São José, «figura santa e original de acólito de Jesus».
A primeira exortação do Papa ecoa, de algum modo, o convite-advertência de diversas Liturgias antigas por ocasião da Comunhão: «Sancta sanctis» – as realidades sagradas (os «santos mistérios») – são para os santos. E, desenvolvendo esse invitatório, poderemos evocar o aforisma: «Sancta sancte» – As realidades santas devem ser tratadas, celebradas, vividas «santamente».
O Pontífice quer que os acólitos (trata-se de acólitos ministrantes) se foquem na maravilha da presença eucarística e cultivem um forte sentido de adoração. Afinal, eles estão tão perto do altar onde acontece «o milagre» para o qual têm a ventura de colaborar. Eles olham para o sacramento que acontece no altar e Jesus, realmente presente, olha para os acólitos e neles deve poder reconhecer anjos! Os olhos do acólito não veem Jesus: mas o coração e os lábios reconhecem-no e adoram-no. Por isso, exorta Francisco: «Hás de comportar-te como convém no serviço das coisas santas. A tua atitude interior e exterior esteja de acordo com o que fazes, sobretudo quando te encontras junto do altar, quando fazes o sinal da cruz, quando te ajoelhas, quando estás sentado ou quando participas na oração e nos cânticos em comum. Animado de respeito e recolhimento interior, o teu serviço de acólito tomar-se-á uma Profissão de fé para a comunidade».
Esta adoração e atuação quase angélica deve ser acompanhada por uma atitude de oferenda e de comunhão, geradoras de intensa alegria e grande felicidade. Francisco recorda aqui o exemplo dos Santos, referindo expressamente alguns: Alexandrina de Balazar, que durante catorze anos se alimentou exclusivamente da Comunhão; o Santo Cura d’Ars (São João Maria Vianney) e São Francisco Marto, modelo e protetor celeste dos acólitos portugueses.
«Sê original» – é o segundo desafio que Francisco lança aos nossos acólitos. Aqui o Papa recorda a sua Exortação apostólica Cristo Vive de 2019, particularmente o n. 162: «não serás santo nem te realizarás, copiando os outros. Quando se fala em imitar os Santos, não significa copiar o seu modo de ser e de viver a santidade: há testemunhos que são úteis para nos estimular e motivar, mas não para procurarmos copiá-los, porque isso poderia até afastar-nos do caminho, único e específico, que o Senhor predispôs para nós. Tens de descobrir quem és e desenvolver o teu modo pessoal de seres santo, independentemente daquilo que digam e pensem os outros. Fazeres-te santo é tomar-te mais plenamente tu próprio, aquele que Deus quis sonhar e criar, não uma fotocópia. A tua vida deve ser um estímulo profético que sirva de inspiração para os outros, que deixe uma marca neste mundo, aquela marca única que só tu poderás deixar. Ao passo que, se copiares, privarás esta terra e também o Céu daquilo que mais ninguém poderá oferecer no teu lugar».
Esta exortação é particularmente oportuna, tendo em conta que a maior parte dos nossos acólitos são crianças, adolescentes e jovens. Na formação da sua personalidade, eles estão sujeitos a muitas influências e, sobretudo, à ditadura das modas e dos consumos que os querem «homologar» e «normalizar» para mais facilmente os submeter na grande engrenagem da globalização consumista. «Por favor, querido acólito, não te deixes cair na mediocridade, que rebaixa e nos torna cinzentos. Mas a vida não é cinzenta, a vida deve apostar em grandes ideais».