
Lembro que quando, nos anos de 1780, a Igreja Inglesa (anglicana) sofreu um abalo no seu seio, motivado pelo seu apego aos interesses económicos dos mais poderosos, existiu contestação a essa estática posição, que foi uma das grandes conquistas do “movimento metodista”, dentro da igreja inglesa, e dinamizou a formação das “Escolas Dominicais” – que viriam a ser estendidas a todo o movimento reformador -, onde além de se ensinar, aos domingos, a Palavra de Deus, também era natural o ensino da matemática, da história, da língua materna.
Por Joaquim Armindo
Tal ficou a dever-se a um leigo Robert Raikes, que convidou algumas forças dissidentes e desafiadoras das amarras que a igreja anglicana (inglesa) possuía, para estar ao lado dos homens fortes dos poderes económicos e coloniais, levando os ingleses para caminhos ínvios e de desvio do evangelho de Jesus. Tal movimento seria começado por Jonh Wesley, e viria a dar origem a uma divisão, sem que Wesley o quisesse. Recorro a este facto unicamente para focar a necessidade da catequese, naquele momento designado por “Escola Dominical”, e cujos termos tantas denominações provindas da reforma usam.
O bispo de Roma, papa Francisco, ao colocar a Carta Apostólica que institui o ministério da (o) catequista, está, naturalmente, a reconhecer uma atividade existente desde sempre, em todas as tradições religiosas, por isso lembro o episódio protagonizado pelo leigo anglicano Robert Raikes. Não digo que agora se vá ensinar a matemática na catequese, felizmente existem escolas estatais para tal; mas que é imperioso e substantivo reconhecer o ministério da (o) catequista como forma valorativa e reconhecedora da imperatividade de um lugar mais determinante na igreja. E, para além da Palavra de Deus, pode enriquecer-se as sessões de catequese com matérias atuais, por exemplo a defesa da Terra. Não se tratará de clericalizar os chamados leigos, mas de enformá-los com a Graça de Deus.
A catequese (ou as escolas dominicais) têm um papel fundamental no exercício da fé, na prática do estudo metódico da Palavra de Deus, de iniciação cristã – que pode ser de crianças e adultos, também -, como forma de partilha e do conhecimento de Deus, em Jesus Cristo, o Ressurreto. Os seus animadores, catequistas, são o princípio de tudo – para além da família, quando o é -, devem ser formados, mas não formatados, como um desígnio primeiro da missão conferida à Igreja. A sua instituição é inerente à Graça que se recebe do Espírito do Senhor, por isso é de extrema importância esta Carta Pastoral, no estabelecimento de um ministério, que já o era, mas sem esta particularidade de conferir Graça.
NOTA: Digo sempre a (o) catequista, porque sabemos que são as mulheres que sempre deram corpo em maioria a este ministério, o que não invalida, de forma nenhuns ministérios como o de diácona ou outros.