Domingo VII da Páscoa – Solenidade da Ascensão do Senhor

Foto: João Lopes Cardoso

16 de Maio de 2021

 

Indicação das leituras

Leitura dos Actos dos Apóstolos                                                                       Actos 1,1-11

«Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».

 

Salmo Responsorial                                Salmo 97 (98)

Ergue-Se Deus, o Senhor, em júbilo e ao som da trombeta.

 

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios                                                 Ef 1,17-23

«O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação para O conhecerdes plenamente».

 

Aclamação ao Evangelho                       Mt 28,l9a.20b

Ide e ensinai todos os povos, diz o Senhor:

Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos.

 

Conclusão do santo Evangelho segundo São Marcos                                        Mc 16,15-20

«Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura».

«O Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus».

 

Viver a Palavra

O Salmo deste Domingo convida-nos a entoar cheios de alegria «Ergue-Se Deus, o Senhor, em júbilo e ao som da trombeta». Parece paradoxal rejubilar e exultar porque vemos o Senhor partir. Contudo, bem sabemos que a ascensão do Senhor não é uma fuga nem um abandono porque os homens e mulheres não acolheram a Sua mensagem. A ascensão do Senhor atesta a verdade da Ressurreição e faz-nos compreender que Jesus vive agora na glória do Pai, revelando assim o sentido pleno da Páscoa como entrada no Reino dos Céus e como participação da vida nova e eterna que só Jesus e o Seu amor nos podem oferecer.

A Ascensão do Senhor recorda-nos, em primeiro lugar, a meta da nossa existência, tal como rezamos na oração colecta: «a ascensão de Cristo, vosso Filho, é a nossa esperança: tendo-nos precedido na glória como nossa Cabeça, para aí nos chama como membros do seu Corpo». A Ascensão de Cristo recorda que cada homem e cada mulher são chamados a peregrinar sobre a terra mas de olhos fitos no céu onde reside a meta das suas vidas. Somos peregrinos a caminho do céu, percorrendo com alegria, coragem e radicalidade a estrada da santidade.

Celebrar esta solenidade não nos pode deixar apenas de olhos fitos no Céu, pasmados, a olhar esse Jesus que subiu aos Céus: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu?». De olhar fito no Céu e com os pés bem assentes no caminho que o Senhor nos chama a percorrer. Cristo parte para o Céu, mas permanece muito vivo e actuante na história pela força do Seu Espírito e convoca-nos para a missão, recomendando a cada um de nós que sejamos continuadores da Sua obra de amor: «Ide por todo o mundo».

Celebrar a Ascensão do Senhor é tomar verdadeiramente consciência da nossa missão de cristãos: «sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». Uma testemunha, tal como indica o dicionário da língua portuguesa, é uma «pessoa que presenciou ou ouviu algum fato ou dito e que dele pode dar pormenores». Ser testemunha significa ser portador da alegria da ressurreição pela experiência pessoal, íntima e decisiva de encontro com Jesus Cristo, apresentando os pormenores, isto é, narrando com a vida, em gestos concretos de amor e misericórdia, a ternura e a bondade de Deus.

Subindo ao Céu, Jesus recorda os Seus discípulos que eles terão de ser os continuadores da Sua obra redentora, que no mundo eles serão os braços que continuarão a abraçar como Jesus, que eles serão os pés que percorrerão com os homens as estradas da história, que eles serão os lábios portadores do Evangelho do amor, que eles serão presença e companhia junto de quantos estão sós e abandonados.

Por isso, dizia Jesus: «Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados». Ainda que pareçam excessivas estas palavras são para nós: sempre que afastamos o mal da nossa vida e da vida daqueles que nos rodeiam estamos a expulsar os demónios que nos dividem e separam; sempre que com os nossos gestos e palavras anunciamos o amor, estamos a pronunciar com os nossos lábios e com a nossa vida a nova linguagem que Jesus nos veio ensinar; sempre que abraçamos as dificuldades e os desafios com coragem e ousadia, estamos a pegar em serpentes e beber veneno e a ser capazes de resistir com a força do Espírito Santo; sempre que visitamos os doentes e os reconfortamos com as nossas palavras e a nossa presença estamos a impor as mãos e a curar.

«Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam». Foi assim com os discípulos; há-de ser assim connosco sempre que formos capazes de disponibilizar o nosso coração para o acontecer de Deus.

 

Homiliário patrístico

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo (Séc. V)

Hoje, Nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao Céu; suba também com Ele o nosso coração.

Ouçamos o que nos diz o Apóstolo: Se ressuscitastes com Cristo, saboreai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus; aspirai às coisas do alto, não às da terra. E assim como Ele subiu ao Céu sem Se afastar de nós, também nós subimos com Ele, embora não se tenha realizado ainda no nosso corpo o que nos está prometido. Ele já foi elevado ao mais alto dos Céus; e, contudo, continua a sofrer na terra através das tribulações que nós experimentamos como seus membros.

Porque não havemos também nós, enquanto trabalhamos ainda sobre a terra, de descansar já com Cristo no Céu, por meio da fé, esperança e caridade, que nos unem ao nosso Salvador? Cristo está no Céu, mas está também connosco; e nós, permanecendo na terra, estamos também com Ele. Ele está connosco pela sua divindade, pelo seu poder, pelo seu amor; nós, embora não possamos realizar isso pela divindade, como Ele, podemos realizá-lo ao menos pelo amor para com Ele.

Ele não Se afastou do Céu quando de lá baixou até nós; também não Se afastou de nós quando de novo subiu ao Céu. Ele mesmo afirma que Se encontrava no Céu quando vivia na terra, ao dizer: Ninguém subiu ao Céu, a não ser Aquele que desceu do Céu, o Filho do homem, que está no Céu.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. No Domingo da Solenidade da Ascensão do Senhor celebramos o Dia Mundial dos Meios de Comunicação Social. O Papa Francisco em diversas ocasiões, sobretudo nas suas viagens apostólicas, faz questão de agradecer pessoalmente aos jornalistas e meios de comunicação social o seu trabalho e dedicação. No contexto actual, onde a informação é abundante e tantas vezes até excessiva e os meios de comunicação habitam diferentes plataformas, precisamos de uma comunicação que promova o bem comum, a dignidade humana e ajude cada homem e cada mulher a caminhar na verdade, num clima de harmonia social. Para este ano, o Papa Francisco escreveu uma mensagem intitulada: «“Vem e verás” (Jo1, 46). Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são». Esta mensagem pode ser um bom recurso para dinamizar alguma actividade ou iniciativa neste Domingo ou nesta semana.    

 

  1. Para os leitores: na primeira leitura, deve haver um especial cuidado nas frases mais longas e com diversas orações, tendo atenção às diversas pausa e respirações. No início da leitura, deve haver cuidado na pronunciação do vocativo «ó Teófilo». Na proclamação de um vocativo, não se deve empregar a mesma duração na pausa das vírgulas. A primeira deve ser praticamente omitida para que se faça a pausa na segunda de modo a não parecer existir uma interrupção no texto. Além disso, deve haver especial atenção com as frases em discurso directo e a sua articulação com todo o texto. Na segunda leitura, insisto na extensão das frases que exige uma leitura pausada e articulada do texto.

 

Sugestões de cânticos:

Entrada: Aclamai Jesus Cristo – F. Silva (CN, 174); Salmo Responsorial: Ergue-se Deus, o Senhor (Sl 46) – M. Luís (SRML, p. 94-95); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Diz o Senhor: Ide e ensinai todos os povos – F. Santos (BML, 36); Ofertório: Reinos da terra, cantai a Deus – F. Silva (CN, 858); Comunhão: Eu estou sempre convosco – Az. Oliveira (CN 438); Pós-Comunhão: Porque ele está connosco – F. Santos (BML 75; 135-136 | LHC I, p. 54-55); Final: Diz o Senhor: Ide e ensinai – A. Cartageno (CEC II, p. 219 | ENPL, IX).