
A Bênção das Pastas voltou à Catedral do Porto. D. Manuel Linda pediu aos estudantes universitários para escutarem “a voz da consciência”. “Sede livres. Sede vós mesmos. Nunca vos deixeis submergir. Se preciso for, resisti mediante a objeção de consciência, pois nem todas as técnicas engrandecem a humanidade” – afirmou.
Por Rui Saraiva
No ano 2020 a pandemia de covid-19 não permitiu qualquer festividade académica. Mas, neste momento presente de desconfinamento, foi possível realizar presencialmente a Bênção das Pastas no domingo dia 2 de maio na Catedral do Porto. Uma celebração na qual participaram os finalistas universitários com apenas um representante por cada faculdade.
Na Missa presidida pelo bispo do Porto, D. Manuel Linda, a Sé voltou a ser o local da celebração da bênção de Deus aos estudantes universitários do Porto. As cores e as pastas dos cursos superiores dos alunos finalistas voltaram a preencher de movimento e alegria a Catedral.
Na sua homilia, D. Manuel Linda exortou os estudantes universitários a escutarem “a voz da consciência” vivendo num “mundo absolutamente plural”. “Sede livres. Sede vós mesmos. Nunca vos deixeis submergir. Se preciso for, resisti mediante a objeção de consciência, pois nem todas as técnicas engrandecem a humanidade” – afirmou.
Declarou mesmo que ninguém consegue “sobreviver sozinho”, pois “não há pessoa sem sociedade”. “O único timbre de relação possível com os outros chama-se fraternidade” – declarou.
O bispo do Porto começou por assinalar na sua reflexão que a impossibilidade sanitária de viver em multidão esta celebração de Bênção pode ser uma oportunidade para viver este momento numa “dimensão mais introspetiva e contemplativa” que possa ajudar “a dar graças e a comprometer-se com um futuro humanizante e de valores”.
Naquele domingo que era também Dia da Mãe, D. Manuel Linda recordou-as assinalando que “a mãe, de facto, é o nosso primeiro espaço de comunhão”. “As mães são esta carícia com que Deus nos brinda, logo ao chegarmos a este mundo. Que a Mãe de Jesus, muito recordada neste mês de maio, peça pelas nossas mães. Obrigado, mães” – afirmou.
O bispo do Porto sublinhou que os “finalistas do ensino superior” levam consigo “uma sólida cultura” que “abre as portas do mundo do trabalho”. A este propósito, D. Manuel Linda lançou algumas pistas de reflexão para cada um dos estudantes: “Quais os conteúdos dessa cultura?; Que valores a informam? Ao serviço de qual desígnio se coloca?”
“Em perspetiva cristã, a cultura exprime a verdade sobre a pessoa, individual e social. Remete para uma sã antropologia que evite visões redutoras e ideologias desumanas” – afirmou o bispo do Porto.
Para D. Manuel Linda “a complexidade social e as tarefas a executar num mundo cada vez mais evoluído exigem uma inteligência bem formada. Não somente a instrumental. Mas uma outra, mais introspetiva e emocional” – disse o prelado aos finalistas universitários.
“Numa cultura do like ou do sentimentalismo vago que ganhou em extensão o que perdeu em profunda intimidade, só a força de vontade capacita para aderir às grandes causas, quais sejam a justiça social, verdadeira liberdade, compromisso com o desenvolvimento integral, ecologia e uma especial solicitude para com os frágeis e excluídos” – frisou D. Manuel Linda.
O bispo do Porto salientou que no Evangelho deste V Domingo da Páscoa “Jesus apresenta-Se como a videira e os seus discípulos como as varas da mesma”. “Ora, para que as varas produzam fruto, não basta estarem perto da videira: é necessária uma completa união de vida. Inseri-vos bem em Cristo, deixai correr em vós a Sua seiva e vereis que a vossa vida será produtiva” – disse D. Manuel Linda aos estudantes.