
Em Dia de S. José Operário, D. Manuel Linda lembrou “os novos conflitos entre o capital e o trabalho” e alertou para os perigos da “glorificação do mercado”. Na Missa que celebrou na Igreja de S. José das Taipas o bispo do Porto assinalou o facto de terem participado na celebração figuras do “patronato” e do “sindicalismo”, bem como “representantes das mais credíveis instituições do Estado e da sociedade civil”.
Por Rui Saraiva
No sábado 1 de maio, Dia do Trabalhador e Festa de S. José Operário, teve lugar, na Igreja de S. José das Taipa no Porto, uma Eucaristia presidida por D. Manuel Linda, bispo do Porto. Concelebraram o padre Jardim Moreira, pároco da Vitória e de S. Nicolau, o padre Manuel Fernando, presidente da Irmandade dos Clérigos e o padre Artur Soares, reitor da Igreja dos Carmelitas.
Numa organização da Irmandade das Almas de S. José das Taipas estiveram presentes na celebração representantes das Confederações Sindicais, CGTP e UGT e das Confederações Patronais da Indústria, do Comércio e do Turismo.
Presentes também representantes da Justiça, da Saúde e do Ensino Superior, assinalando a proximidade territorial da Igreja de S. José das Taipas ao Tribunal, ao Hospital de Santo António e à Universidade do Porto.
Na sua homilia, o bispo do Porto afirmou que “o trabalho não é uma simples mercadoria que se compra e se vende livremente ou um elemento impessoal da organização produtiva”.
Para D. Manuel Linda, “o trabalho, pelo seu caráter subjetivo ou pessoal, é superior a qualquer outro fator de produção. Como tal, embora ressaltando a complementaridade entre trabalho e capital, há que afirmar sempre a superioridade daquele em relação a este”.
“O desenvolvimento integral do trabalhador e a sua justa promoção e retribuição salarial favorecem uma maior produtividade e eficácia das empresas” – salientou o prelado.
O bispo do Porto assinalou na sua reflexão “os novos conflitos entre o capital e o trabalho” e alertou para os perigos da “glorificação do mercado” e para o risco de os trabalhadores “serem explorados por uma engrenagem que nem se sabe bem quem a comanda”.

Dois foram os votos formulados por D. Manuel Linda para o futuro:
”o primeiro é que a humanidade saiba dialogar e fazer a paz num âmbito tão estruturante como o do trabalho e o do indispensável capital para constituir a empresa. Depois, que a liberalização do mercado não redunde numa competição que esmague os frágeis. Que o trabalho se humanize cada vez mais e que os cientistas e pessoas de cultura se dediquem a esta temática e ofereçam o seu contributo específico para se encontrarem soluções justas. Enfim, que a atividade intelectual e transformadora, enquanto dá cumprimento ao preceito divino do cultivar e aperfeiçoar a terra, favoreça o desenvolvimento integral do trabalhador, da sua família e do bem-comum mundial.”
Em Dia de S. José Operário, o bispo do Porto relembrou esta figura da Igreja à qual o Papa Francisco dedicou um ano especial que estamos a viver: “S. José leve estes meus votos até junto de Deus, ele que certamente foi patrão da sua pequena empresa e, ao mesmo tempo, trabalhador no meio dos trabalhadores” – declarou D. Manuel Linda.
O bispo do Porto assinalou com satisfação o facto de naquela celebração estarem presentes figuras do “patronato” e do “sindicalismo”, bem como “representantes das mais credíveis instituições do Estado e da sociedade civil”.
“A minha alegria, pois, por este acontecimento marcante e que eu desejava fosse apenas o primeiro de uma série, a cumprir todos os anos. Para oração, mas não menos para conhecimento mútuo, reflexão e convívio” – disse D. Manuel Linda.