Imprensa de inspiração cristã: novas presenças

Retomamos a proposta de uma nova atenção à imprensa de inspiração cristã da nossa diocese. A multiplicidade dos títulos, de que já salientamos alguns, lembra-nos como as comunidades cristãs procuram apreciar as dimensões da mensagem evangélica no quadro das suas vivências comunitárias e refletir sobre os acontecimentos com olhares diferenciados. 

Por M. Correia Fernandes

A vivência evangélica não é impessoal nem desenraizada, mas vivida em ambiente comunitário, com a sua cultura e expressão própria, que traduz os matizes da riqueza que a mensagem cristã traz às pessoas e às sociedades humanas.

O Gaiato

É um caso ímpar na imprensa portuguesa. Tendo sido fundado pelo Padre Américo, vai no seu ano 78 e no seu número 2010. Publica-se quinzenalmente. As pessoas menos modernas lembram-se de grupos de “Rapazes” das casas do Gaiato percorrerem as ruas e os comércios da cidade na distribuição do jornal, recebendo os donativos que lhes facultava a generosidade das gentes. Esse modelo de divulgação foi abandonado, mas a intenção da publicação mantém-se.  Atualmente, O Gaiato solicita a presença de assinantes que ajudem a manter a obra e a sua missão espiritual e social, e ao mesmo tempo traga um suplemento de alma aos leitores, através da presença e do exemplo.

Publicado nas próprias oficinas da Casa do Gaiato, em Paço de Sousa, até nesse dado se vê que a sua intenção tanto é a doutrina, como a disponibilidades de trabalho e de aprendizagem para os rapazes da Obra da Rua, desempenhando assim também uma dimensão pedagógica e social: é no trabalho e na criação que se dignifica o homem.

O modelo mantêm-se: reúne a dimensão formativa, através de textos dos seus diretores e orientadores das casas do gaiato, que associam a reflexão teológica aos episódios de generosa ação que recolhem da prática quotidiana às informações dos movimentos das diversas casas da Obra, em Portugal e em Angola (Malanje e Benguela). Os textos são assinados geralmente pelos diretores das Casa do Gaiato, e pode dizer-que que herdaram o estilo e a imaginação criadora do padre Américo: são textos ricos de experiências, de sentido e de apelos.

O último número, de 27 de março, pela pena de Padre Júlio, diretor da Casa de Paço de Sousa, lembra os 75 anos da inauguração em 24 de março de 1946 da primeira Casa, em ato presidido pelo Bispo do Porto de então, D. Agostinho de Jesus e Sousa. Lembra o regozijo do padre Américo pela inauguração da capela em Paço de Sousa, afirmando que “a centralidade da vida de Pai Américo está bem expressa neste expandir de alma” perante a presença de Cristo naquela capela.  O Venerável Padre Américo é recordado pelo Padre Manuel Mendes, responsável da Casa de Coimbra. Não costuma faltar em todas as edições uma palavra do fundador, no seu estilo intimista, espiritual e profundamente humano.

Jornal de São Miguel da Maia

Dirigido pelo pároco, P. Domingos Jorge [Duarte do Aido], esta publicação mensal procura acompanhar o movimento pastoral da paróquia. O número de fevereiro de 2021 recorda e regista em primeira página o pergaminho assinado por João Paulo II, recordando a Dedicação da igreja de Nossa Senhora da Maia em 1991, e o de março de 2021 uma resposta do Papa Francisco, assinada pelo seu Assessor, como agradecimento  pelas felicitações da comunidade pelo seu aniversário, enviadas pelo pároco e paroquianos de S. Miguel da Maia e de Gemunde.

Este mensário, além de acompanhar a vida da paróquia e seus organismos e movimentos, dedica muito espaço (normalmente tem 16 páginas, em papel “couché”) ao movimento da diocese, à palavra dos Bispos (nestes últimos há a mensagem de todos), ao ensinamento papal e aos acontecimentos mais marcantes do mundo e a publicações marcantes de inspiração cristã. De salientar a atenção regular em cada número aos problemas da Educação. No número de março tem especial relevância a visita do Papa ao Iraque e o seu ensinamento sobre o sentido da Quaresma e Páscoa. Simultaneamente se publica o jornal dedicado à paróquia de Gemunde.

O Futuro

É propriedade da Fábrica da Igreja de Lavra, fundado pelo P. Manuel Domingos da Silva Lopes, e é seu diretor atual Delfim Fernando da Silva Sol. Sendo bimestral, o último número, de janeiro/fevereiro de 2021, lembra que este ano completa 40 anos desde a sua primeira publicação. Em editorial, lembra o Diretor que “muitas foram as alegrias de quem passou por este periódico, mas, também, as vicissitudes por que passaram e souberem ultrapassar”. Neste número, de 24 páginas, recordam-se episódios como o do padre que acolhe doentes de Covid em Fátima, a História da Igreja, o papel da ação do psicólogo e da psicoterapia, a história de “epidemias e pandemias em Lavra” (pela pena do antigo diretor Boaventura Silveira), além da mensagem do Papa para a Quaresma. Como órgão local, recorre à colaboração de anunciantes. É pois um órgão eclesial, enraizado na sociedade local, que tal como a paróquia pretende ir ao encontro das pessoas e das situações.

Felicitamos “O Futuro” pelos seus 40 anos e pela sua ação educativa, pastoral e social.

Totus Tuus

Fundado no tempo do Padre António Inácio Gomes, fundador e primeiro pároco da Senhora do Porto, vindo dos tempos em que João Paulo II se afirmava como discípulo especialmente dedicado a Maria, a quando da sua visita a Portugal e ao Porto (daí a designação que se mantém de Totus Tuus, referente a Maria, titular da paróquia), continua a publicar-se este boletim paroquial, que procura dar conta dos momentos e movimentos da paróquia, da Diocese e da Igreja. Com editorial do pároco atual, Manuel Correia Fernandes, abordando momentos eclesiais relevantes, tem procurado estar atento à ação pastoral e acontecimentos marcantes da vida paroquial e da Igreja diocesana, como as celebrações dos 50 anos da paróquia, em 2017,bem como de figuras que inspiram a ação pastoral. Recebe colaboração de membros da comunidade, em atenção também aos acontecimentos actuais, como o drama da pandemia, bem como a dados artísticos e históricos do espeço paroquial. Atualmente tem sido publicado trimestralmente, com número variável de páginas.