
Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa comentou a situação atual da pandemia de covid-19 no final da 200ª Assembleia Plenária daquele organismo. Sublinhou o compromisso da Igreja Católica com a segurança das comunidades.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse em Fátima na passada quinta-feira dia 15 de abril que as medidas tomadas pela Igreja Católica para assegurar a segurança das suas comunidades, incluindo a suspensão de celebrações, são um gesto de “responsabilidade”, perante a pandemia.
“É preciso consolidar o ponto em que estamos e não voltarmos para trás”, referiu D. José Ornelas, em conferência de imprensa.
O responsável falava aos jornalistas no final da 200ª Assembleia Plenária da CEP, que decorreu em Fátima ainda com a participação por via digital de cerca de 15 bispos.
Para o bispo de Setúbal, as celebrações religiosas são seguras e a questão que se tem levantado está ligada aos ajuntamentos que podem surgir “à volta da igreja”, evitando-se por isso as procissões e outras manifestações públicas.
“Celebramos com toda a tranquilidade nas igrejas”, referiu, a respeito da última Páscoa.
Questionado sobre as celebrações do próximo verão, D. José Ornelas destacou que a Igreja Católica tem contribuído “ativamente para encontrar soluções”, face à pandemia de Covid-19, e para “celebrar o mais possível” dentro da situação que se vive, aceitando os contributos científicos e sociais.
“Se houver normas, vamos adequar os nossos procedimentos, para que seja possível e na medida do possível”, apontou.
O bispo de Setúbal reafirmou que as celebrações comunitárias não foram suspensas “nem por medo, nem por comodismo”, mas numa atitude de “responsabilização” e “dignificação do ser humano”.
“Perante o risco das novas estirpes do vírus, já não estávamos tão seguros”, destacou, a respeito do segundo confinamento.
D. José Ornelas assinalou que, nas igrejas é “mais fácil encontrar uma atitude respeitosa”, tomando a sério a própria segurança e a dos outros.
O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa decidiu que as celebrações públicas da Missa fossem retomadas a 15 de março, mantendo a suspensão de procissões.
O regresso das celebrações públicas tem decorrido de acordo com as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa de 8 de maio de 2020 e “em consonância com as normas das autoridades de saúde”.
D. José Ornelas sustentou que não basta voltar ao que “era antes”. “Queremos avançar para uma Igreja mais dinâmica”, declarou.
O tema foi referido no comunicado final da Assembleia Plenária da CEP, enunciando “desafios pastorais da pandemia: “o anúncio do essencial da mensagem cristã; a importância da dinâmica comunitária e de fraternidade; a missão da família e dos leigos; a atenção particular aos jovens e aos idosos; a urgência da formação; o cuidado das novas linguagens”.
“A Assembleia vê a saída desta pandemia como ocasião para a renovação da vida da Igreja e da sua missão no mundo”, sustentam os bispos.
Apoios para as IPSS
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse ainda que as instituições católicas registaram um “acréscimo muito grande” de pedidos de ajuda, para pagar contas domésticas, prevendo que a situação se venha a agravar com o fim das moratórias.
“Certamente, não vai melhorar para o futuro” – advertiu. D. José Ornelas.
O responsável apelou ao reforço dos apoios às IPSS, por parte do Estado, incluindo o Ministério da Saúde.
O comunicado final da Assembleia Plenária manifestava a preocupação de todos os bispos pela sustentabilidade das instituições de solidariedade social.
“A epidemia tornou evidente que, além do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, devem poder contar com o apoio logístico e financeiro do Ministério da Saúde”, defende a CEP.
Para o presidente do episcopado, esta questão é “muito séria”, que se agrava com as despesas suplementares com o combate à pandemia e os equipamentos de proteção individual.
“O apoio necessário ficou muito aquém” das necessidades acrescidas, indicou.
O bispo de Setúbal referiu-se em particular à situação dos lares, que recebem pessoas “cada vez de maior idade” e com situação de saúde mais degradada, tornando-se “praticamente, casas de cuidados paliativos”.
Segundo o bispo de Setúbal, a evolução destas situações não está refletida no financiamento às instituições, levantando uma “questão crucial” para o futuro dos “cuidados continuados e paliativos” em Portugal. “Temos de repensar os modelos das pessoas, dos custos”, apontou.
O presidente da CEP realçou que esta não é só uma questão financeira, sendo necessário repensar o modelo de assistência.
No comunicado final da 200ª Assembleia Plenária dos bispos católicos, os responsáveis alertam para “a situação de vulnerabilidade e de grave crise económica e a realidade concreta em cada diocese”.
D. José Ornelas admitiu o impacto da suspensão das celebrações comunitárias na vida das paróquias e na sua ação de solidariedade, com “muitas situações, pelo país fora”, de dificuldade em cumprir os compromissos assumidos.
“A pandemia atingiu-nos a todos”, assumiu o presidente da CEP.
(inf: Agência Ecclesia)