
Jesus não anda por aí, porque Ele está aí. Nem Ele passa em alguma rua, avenida ou beco, porque Ele sempre lá esteve. Tantas vezes queremos encerrar Jesus numa redoma, mas Ele está no corpo de todos e para além de todos. Jesus ressuscitado sempre esteve connosco, não tem intermediários, faz parte de cada um e cada uma.
Por Joaquim Armindo
Assim mesmo, crucificado e ressurreto, Ele não foge de ninguém, sempre esteve presente, na mansidão da vida ou na desgraça. Confinar Jesus, é confinar a Vida. Confinar Jesus é confinar o que não é confinável, Ele está em cada corpo, em cada vida, em cada dia do conforto ou desconforte. O Amor de Jesus não passa, está, tão e tão somente. Esse Amor pertence à Vida, qualquer que ela seja, não pode ser encerrado, nem controlado, ele está em nós, nos caminhos pedregosos ou naqueles que são primaveris. A pandemia que estamos a viver ensina-nos isso. É uma alegria estar em comunidade, como é uma alegria dar testemunho dessa realidade que é a comunidade. A Comunidade Cristã é rica, mas muito mais rica é a Comunidade que se faz Vida e atravessa o deserto.
Aqui está uma, das tantas, histórias de “Eucaristia” na vida real das pessoas. Acontece que um cristão, desta diocese do Porto, construiu Páscoa indo visitar três ou quatro famílias, em que vivem o marido e a mulher, não podem sair vão até trocando já os medicamentos que têm para tomar. Não só os medicamentos, mas as suas doses. Este cristão – que não sou eu, tenham a certeza -, resolveu fazer uma visita, com as cautelas necessárias, às casas destas famílias sós. E viu isso, viu que era “servir à mesa”, descobrir a melhor forma dos medicamentos serem tomados convenientemente. Lembrou e foi, a várias farmácias pedir que lhe dessem as “caixinhas” que têm carimbados os dias e as partes do dia em que cada medicamento deve ser tomado. Agora, vai a cada casa e distribuiu os medicamentos pelas “caixinhas”, e cada casal “só”, e com incapacidade de verificar o que toma, nem a que horas, sabe tomar os seus comprimidos “direitinhos”. Aqui não se conta quem fez esta ação, nem a quem fez, conta, isso sim, o Cristo ressuscitado no Amor deste cristão.
Tantos e tantas que se abeiram da mesa eucarística no templo, mas não vivem a mesa eucarística da humanidade, como o fez Jesus. Esta pequena história contada pode ser que não valha nada, somente que as pessoas começaram a tomar devidamente os seus medicamentos. É Jesus que está neles, é de Jesus que este cristão se abeirou, percebeu e teve um gesto, sem que necessitasse de contrapartida. Eis a Páscoa e a Eucaristia vivida na Humanidade em gestos simples, mas necessários, nem sons estridentes.