Ecologia integral é uma atitude espiritual

Foto: Rui Saraiva

“Ecologia integral é um conceito composto e aplica-se com o significado das duas palavras. A primeira é ecologia, que se entende como a preocupação profunda das relações presentes entre o ambiente físico de um lugar e a vida que ele contém.

Por Joaquim Armindo 

Relações harmoniosas que permitem um desenvolvimento equilibrado e saudável das potencialidades da vida nessa geografia. Trata-se de conhecer, estudar e administrar o equilíbrio das relações presentes nesse espaço físico e vital, que torna possível a vida nas suas diversas formas: humana, animal e vegetal. A segunda palavra é integral, com a qual queremos indicar, a partir do ponto de vista científico, que “tudo está ligado” nesta Terra (LS 137). Isto significa que um acontecimento num lugar concreto da Terra pode afetar ou gerar outros acontecimentos em lugares situados a milhares de quilómetros de distância e isto devido às próprias leis físicas internas que regem esse equilíbrio ecológico da terra.” – assim escreve Eduardo Agosta Scarel, na “Revista de Espiritualidade”, de janeiro-março do ano corrente.

E mais adiante, neste excelente artigo, refere: “Quer dizer, a ecologia integral, na qual “tudo está ligado”, inclui também a dimensão sagrada da criação que ela possui por ser obra de Deus. Há um vínculo profundo entre o Ser Divino Criador e as criaturas que não há que silenciar: isso é ecologia integral.” Então: “espiritualidade como o conjunto de crenças e valores, ou seja, motivações de fé que, uma vez descobertas pela luz da inteligência, vislumbram-se na mente como boas, verdadeiras e belas e aprendem-se com grande satisfação do desejo”, leva-nos a descobrir a Fé e a afetividade, o que será, então, uma paixão pelo Amor, o que se traduz numa Conversão Ecológica.

Ecologia Integral é, então, esta ligação contínua e permanente de um diálogo de conversão, de cada um consigo, com os outros e com a Criação. Esta necessidade de espiritualidade, não é alguma coisa de “fora do mundo”, mas que está na história, porque Deus está presente em cada povo e em todos os povos que habitam a Casa Comum. Isso traduz-se pela nossa inclusão, como cristãs e cristãos, na vida cultural, económica, ambiental e social, numa luta que passa da contemplação para a justiça naqueles âmbitos, numa atenção quotidiana, para os enfrentamentos e denuncias que não nos devem passar à parte.

Ou não serão as cristãs e os cristãos os incómodos, que não se vendem, mas atuam sempre com (com) paixão, às causas quotidianas injustas?