
“Aproveitemos esta lição da pandemia. Conjuguemos o futuro com um verbo: ajudar. Ajudar e deixar-se ajudar deveria ser a matriz da sociedade. Que é como quem diz: uma sociedade construída na dedicação aos outros, particularmente aos mais frágeis, menos egoísta, mais solidária” – disse o bispo do Porto em Sexta-Feira Santa.
Por Rui Saraiva
Celebração da Paixão do Senhor na Catedral do Porto em dia de Sexta-Feira Santa. D. Manuel Linda na sua homilia agradeceu “aos cuidadores que se deram aos mais frágeis dos frágeis” neste tempo de pandemia. Um agradecimento pela sua dedicação e generosidade: “o Senhor escreveu a letras de ouro no seu registo o bem que fizestes a seu exemplo” – afirmou.
O bispo do Porto quis também, com as suas palavras, “abraçar os mais idosos”. Os que “estiveram hospitalizados, os que testaram positivo à Covid e a quantos sofreram por causa dela”. Para D. Manuel Linda “na dor suportada” por eles nesta pandemia, eles exprimiram “o rosto de Cristo”.
Nas palavras do prelado não foram esquecidos todos aqueles que se dedicam “aos outros a exemplo de Jesus” e o fizeram “com uma tal solicitude e amor que impressionaram” – afirmou. “Diretores, responsáveis e, especialmente, os diversos cuidadores passaram dias e dias sem ir a casa por motivos dos contágios, sofreram ao lado dos sofredores com lágrimas no coração” – sublinhou D. Manuel Linda apontando que também estes cuidadores foram “verdadeira imagem de Cristo”.
“Aproveitemos esta lição da pandemia. Conjuguemos o futuro com um verbo: ajudar. Ajudar e deixar-se ajudar deveria ser a matriz da sociedade. Que é como quem diz: uma sociedade construída na dedicação aos outros, particularmente aos mais frágeis, menos egoísta, mais solidária, mais investidora em amor e em estruturas que sabe serem, mais tarde ou mais cedo, necessárias para todos e cada um. Mesmo para aqueles que, agora, as desprezam ou ignoram” – disse o bispo do Porto.
Numa celebração marcada pelo relato da Paixão de Cristo e pela adoração da Cruz, D. Manuel Linda assinalou que “na cruz de Cristo” descobrimos “um Deus totalmente solidário, que ama, se doa, une, consola, perdoa, acaricia, afaga e garante a glória e a alegria da ressurreição. Um Deus que assume o mais profundo da humanidade: os seus dramas e aspirações”.
O bispo do Porto recordou “a campanha de um crucifixo em cada casa” que decorre na diocese do Porto e que apela “a construir a família e a sociedade na abnegação, na entrega aos outros, na generosidade. Numa palavra: no amor. E que é aí que encontramos o sentido para a vida” – concluiu D. Manuel Linda.