Bispo do Porto: na família vive-se a Aliança entre Deus e a humanidade

“Família é a comunidade pequena onde se vive a Aliança grande entre Deus e a humanidade” – disse D. Manuel Linda na sua reflexão quaresmal. 

Por Rui Saraiva

“A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco” – foi com estas “palavras tão bíblicas que atravessaram dois mil anos de história” que D. Manuel Linda saudou todos os que acompanharam a reflexão quaresmal online na preparação do V Domingo da Quaresma, na noite de sexta-feira, 19 de março. Em transmissão pelo facebook e youtube, o bispo do Porto apresentou uma catequese sobre o tema da Aliança.

“No Antigo Testamento nós já encontramos a perpassa-lo uma ideia geral de otimismo: o Senhor ama-nos, o Senhor vai estar connosco” – disse D. Manuel Linda no início da sua reflexão acentuando a ideia de “esperança” e de “novidade”. Uma Aliança que em Jesus “já não é apenas com um povo, mas com toda a humanidade” – afirmou.

“A grande Aliança é feita no contexto de uma refeição” – recordou. Na “Última Ceia, na Ceia Pascal de Jesus, primeira desta nova relação estabelecida com a humanidade no sacerdócio e no dom da Eucaristia, o Senhor faz esta Aliança” na intimidade e na profundidade de uma refeição, num clima “de amor”.

O bispo do Porto propôs excertos de uma leitura da liturgia do V Domingo da Quaresma retirada do Livro de Jeremias, capítulo 31, versículos 31 a 34:

“Dias virão, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma aliança nova. Não será como a aliança que firmei com os seus pais, no dia em que os tomei pela mão para os tirar da terra do Egipto, aliança que eles violaram…”

“Esta é a aliança que estabelecerei com a casa de Israel, naqueles dias, diz o Senhor: Hei-de imprimir a minha lei no íntimo da sua alma e gravá-la-ei no seu coração. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Não terão já de se instruir uns aos outros, nem de dizer cada um a seu irmão: «Aprendei a conhecer o Senhor». Todos eles Me conhecerão, desde o maior ao mais pequeno, diz o Senhor. Porque vou perdoar os seus pecados e não mais recordarei as suas faltas.”

D. Manuel Linda assinalou as várias alianças “ao longo da história da salvação”, por exemplo, com Abraão, Noé ou Moisés, nas quais se verifica “uma relação personalizada de muita amizade do povo com o seu Deus”.

“Com Jesus atingimos a plenitude desta Aliança” – disse o bispo do Porto destacando que Jesus “durante a Última Ceia que celebra com os seus discípulos” lava-lhes os pés numa “prova de amor”.

É depois deste gesto que Jesus “anuncia uma nova e eterna aliança” – frisa D. Manuel – “este é o cálice do meu sangue que vai ser derramado por vós”, uma “aliança definitiva e por todos” – assinalou.

O objetivo desta Aliança “é muito mais elevado das alianças anteriores, não é apenas de intimidade, mas é de familiaridade” – salientou o prelado. “Por intermédio do batismo somos filhos de Deus, portanto, a Aliança estabelecida não é apenas de uma certa amizade, mas de familiaridade”.

“Deus que se dá a si mesmo” – sublinhou D. Manuel Linda assinalando que “a partir deste momento a história não é mais vivida em solidão, mas com Jesus Cristo”. “Por isso a nossa história não se destina ao nada e ao mal, a nossa é uma história de salvação” – afirmou.

Para o bispo do Porto, todos os valores desta Aliança definitiva de Deus com a humanidade em Jesus Cristo, tem na família o melhor exemplo. Na aliança matrimonial vive-se a intimidade, a fidelidade, a unidade e a indissolubilidade da Aliança de Deus com a humanidade.

“A aliança matrimonial quando se recebe o sacramento exprime a Aliança entre Deus a humanidade” – declarou D. Manuel Linda sublinhando ainda que a “família é a comunidade pequena onde se vive a Aliança grande entre Deus e a humanidade”. “Vejam caras famílias a vossa responsabilidade e a categoria a que foram elevadas” – exclamou.

O bispo do Porto concluiu a sua reflexão quaresmal, na noite de 19 de março, pedindo que em cada casa cristã haja um crucifixo. Uma imagem do crucificado “que seja um convite à oração” – afirmou.