
Numa organização sentida na intensidade da pandemia, reitor, seminaristas e equipa formadora do Seminário Maior do Porto abraçaram o Santíssimo Sacramento em proposta online de Adoração. O bispo do Porto disse na ocasião: «As 24 horas são mais para nós do que para o Senhor no sentido de que com Ele nos vemos».
Por Tiago Dias*
Nos passados dias 12 e 13 de março decorreu em todo o mundo a proposta das 24 horas para o Senhor, uma iniciativa promovida pelo Santo Padre para viver a Quaresma a partir da experiência da misericórdia e do diálogo com Jesus Sacramentado. Este ano o tema partia do versículo do Salmo 103 “Ele perdoa todos os teus pecados” procurando encorajar a viver o Sacramento da Reconciliação Penitencial de forma mais consciente num percurso trilhado em companhia da Palavra de Deus. A diocese do Porto, que tem como marca de espiritualidade a devoção eucarística não foi alheia a este movimento. D. Manuel Linda, Bispo do Porto quis que fosse o Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição, como coração da diocese, a acolher esta iniciativa que em tempo de pandemia pôde ser acompanhada apenas pela transmissão em direto 24 horas na rede social Facebook.
O módulo em que decorreu possibilitou que a proposta fosse acolhida também pelas dioceses de Vila Real e Coimbra, cujos alunos frequentam o mesmo Seminário. O alcance foi extraordinário não obstante as contingências: associado à comunidade de jovens seminaristas estavam imensas pessoas que nas suas casas se uniam em oração de louvor e adoração. A expressão ganhou corpo e aquela Igreja dos Grilos foi o a fonte donde brotou a água para tantas comunidades e fiéis anónimos que ali sintonizaram. Ficará certamente na memória.
O desafio foi lançado «fazer da casa de cada um uma Igreja Doméstica, verdadeiro Templo onde se possam encontrar com o nosso Deus». «Não nos conseguimos ver a nós que não seja no espelho de Deus» pois só é possível vermo-nos a partir do Senhor: sem Ele «temos dificuldade de pedir o perdão», sintetizou o bispo do Porto na homilia da Eucaristia que deu início à exposição do Santíssimo Sacramento.
Viver as 24 horas em comunidade de Seminário é harmonizado com entoações multiformes. A vida da casa altera-se para que a cadeia não seja quebrada e o Senhor não fique sozinho. Um após outro procuravam estar diante daquele Jesus que se ocultava no Sacramento, num silêncio entrecortado apenas pelo canto dos salmos da Liturgia das Horas. O sentimento era o mesmo que se experimenta quando numa casa um doente fica ao nosso encargo e todos se revezam para que à sua cabeceira nada lhe falte. Aqui, porém, dava-se o contrário: não era o Senhor que precisava de nós, mas nós que precisamos d’Ele, por isso afirmava D. Manuel Linda: «As 24 horas são mais para nós do que para o Senhor no sentido de que com Ele nos vemos.»
O dia 13, sábado, coincidiu com 8º aniversário do pontificado do Papa Francisco. A ocasião foi marcada pelo canto da celebração Solene de Vésperas com a entoação do hino do Te Deum pelo ministério do Vigário de Cristo e que encerraram a jornada de oração. A diocese, por meio do seu Bispo, fundamento visível da unidade da Igreja Particular, dava glória a Deus pela escolha do Sucessor de Pedro suplicando ao Senhor da Messe todos os benefícios para o exercício frutuoso do seu múnus.
*aluno do 6ºano do Seminário Maior do Porto