Mesmo na noite mais escura é preciso sonhar

Por Joaquim Armindo

Estamos a viver há mais de um ano numa noite escura, mas nem por isso deixamos de sonhar, e no dia seguinte o sol se levanta. Elas são as noites que nós fabricamos, porque a noite – do dia para a noite -, tem a lua e as estrelas, onde os sonhos se interlaçam no Amor à Humanidade. Há muitas pandemias, até mais escuras que esta, mas o coronavírus atinge todas as pessoas, mas as menos afortunadas, são uma grande parte, com milhões de mortos, que até nós desconhecemos. A pandemia gerada pelo consumo excessivo dos bens da terra, na modalidade da liberdade do mercado, nesta economia neoliberal; a corrupção a todos os níveis dos cargos de poderes políticos, de grupo, de família, de religião, do social ou da cultura; o esmagamento dos bens da terra, distribuídos a um número muito pequeno dos grandes “filantropos” ou “benfeitores”; a riqueza satisfeita por ainda existir pobreza; os senhores das guerras que destroem a paz e a justiça, para se sustentarem a si próprios, são um conjunto de pandemias que permanecerão, dado a não existência de vacinas, nem a possibilidade de alguém tentar que esta situação termine.

As pessoas que vivem no individualismo, que são indiferentes “não as irás ver a protestar pelas espantosas quantias de dinheiro que se gastam no tráfico de armas num só ano, que poderia usar-se para dar de comer a toda a humanidade e dar educação a todas as crianças. Não, sobre isto não protestam; são incapazes de sair do seu pequeno mundo de interesses. Lamentavelmente, não podemos ignorar os que na Igreja têm esta mesma maneira de pensar. Alguns padres e leigos deram um mau exemplo perdendo o sentido da solidariedade e fraternidade com o resto dos seus irmãos. Fizeram disto uma batalha da sua “cultura” de bem-estar, quando na realidade se tratava de garantir e proteger toda a vida:” Estas são palavras do bispo de Roma e papa Francisco, escritas no livro “Sonhemos Juntos”, publicado em 2020.

Nas suas palavras, no mesmo livro, dá lugar, porém, ao sonho, porque “o povo não pensa como as elites de qualquer tipo: “tudo pelo povo, nada com o povo”, que pensam ser ignorante e sem rosto. Não é verdade. O povo sabe o que quer e de que precisa; tem instinto”. Por isso, Francisco sonha com o dia em que a Igreja se torne a luz do Evangelho e juntamente com o povo lute contra todas as pandemias, porque mesmo na noite mais escura é preciso sonhar!