CCC: Todos irmãos mesmo? Uma leitura da “Fratelli tutti”

Na noite de 2 de março realizou-se por meios telemáticos a conferência «Todos irmãos mesmo? Uma leitura da “Fratelli tutti”», no âmbito do ciclo «Todos família, todos irmãos», organizado pelo Centro de Cultura Católica e pelo Diaconado Permanente da Diocese do Porto, em sintonia com o Plano Diocesano de Pastoral para 2021. Foi proferida pelo P. Tony Neves, missionário espiritano, atualmente ao serviço da sua congregação em Roma. A sessão foi muito participada. Contaram-se cerca de 180 dispositivos informáticos ligados durante a conferência, a que correspondiam uma ou mais pessoas.

Depois da abertura pelo P. Adélio Abreu, diretor do Centro, que teve a oportunidade de a justificar esta sessão excecional relativamente ao programa inicialmente previsto e de a enquadrar no Plano Diocesano de Pastoral, o P. Tony Neves tomou a palavra num tom vivo e informal para a sua apresentação. Começou por situar a encíclica «Fratelli tutti» no contexto do magistério do Papa Francisco, evocando para tanto vários textos, entre os quais a encíclica «Laudato si’», que, na sua expressão, «não é uma encíclica verde, mas uma encíclica social».

Referiu-se ainda à declaração de Abu Dhabi sobre a fraternidade humana em prol da paz e da convivência comum, assinada em fevereiro de 2019 pelo Papa Francisco e pelo Grande Imã de Al-Azhar Ahmad Al-Tayyeb. Também mencionou um conjunto de textos e iniciativas anteriores e posteriores à publicação da «Fratelli tutti», designadamente marcados pela pandemia, que exprimem idênticas intuições.

O P. Tony Neves estruturou, de seguida, a sua intervenção em sete desafios missionários, decorrentes da leitura da encíclica: cicatrizar com urgência o mundo que se encontra ferido; ser bons samaritanos ao jeito do samaritano do evangelho; tornar o mundo mais fraterno, partindo ao encontro das periferias, algumas bem próximas, na consciência de que a periferia está no ADN da Igreja, porque o próprio Cristo foi “periférico”; praticar a política com amor, em ordem à construção de sociedades humanas, justas e fraternas; apostar num diálogo plural que estabeleça o meio termo entre a indiferença egoísta e o protesto violento; condenar a fome, a guerra e a pena de morte; construir a fraternidade com todos os crentes, destituindo de sentido toda a violência religiosa, na medida em que Deus não precisa de que ninguém o defenda.

A concluir, o P. Tony Neves referiu-se à oração ao criador e à oração cristã ecuménica que encerram a encíclica, acrescentando que a mensagem final do papa é clara e pode ser formulada com as palavras que ele mesmo transcreveu da referida declaração de Abu Dhabi sobre a fraternidade humana: «adotar a cultura do diálogo como caminho; a colaboração comum como conduta; o conhecimento mútuo como método e critério».

Concluída a intervenção, proporcionaram-se ainda 45 minutos de diálogo, a partir das perguntas e observações dos participantes. O P. Tony Neves teve então oportunidade de se deter novamente sobre as linhas fundamentais da encíclica, cruzadas com exemplos concretos da sua experiência pastoral.

A próxima conferência do ciclo realiza-se a 11 de maio, às 21 h. Jorge Teixeira da Cunha, professor de Teologia Moral na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, refletirá sobre o tema «Viventes na casa comum».

(inf: CCC)