Publicamos texto do autor do Crucifixo proposto pela diocese do Porto.
Premissas basilares do convite que me foi dirigido pela Diocese do Porto para a criação de uma Cruz com vista a ocupar um lugar de destaque no interior das casas das famílias crentes da Diocese.
A criação de um crucifixo contemporâneo, sóbrio. Um ícone da verdadeira árvore da Vida, da presença da Paixão de Cristo, da presença de Cristo Vivo. Uma obra com o intuito da sua reprodutibilidade de forma a possibilitar a sua aquisição por um valor módico por parte das famílias.
Como fim, a criação e o percurso do ícone como um gesto simbólico no fortalecimento da esperança, e, de novos horizontes de beleza, de compreensão, de comunhão que se rasgam para a nossa existência.
Ao longo da história da Arte, e dos séculos, as representações de Cristo oscilaram entre a representação do Cristo Humanizado e o Cristo Divindade, fruto dos variados contextos históricos de cada época.
Cada geração tem de descobrir qual o dinamismo e o sentido das suas representações.
A peça que concebi procura ser dimensão transversal de uma autêntica Cristologia, da Encarnação à Redenção, e de uma multividência à luz da Revelação Cristã.
A consciência da dupla natureza de Jesus Cristo conduziu-me a uma doxologia metafórica. O antagonismo presente no corpo do crucificado corporiza a metáfora. O Seu corpo que exibe o lado aberto, marca bíblica da confirmação de que Jesus estava morto é também o Corpo do Cristo Vivo, do Cristo Fonte de Vida.
Como Homem, tomou-nos o lugar no Calvário, expressão máxima do amor ao seu próximo. Como Divindade. Esta, perante as marcas confirmadas da Paixão, emana de forma clara a representação simbólica de que a vida é possível e tem sentido. Um sentido que nem o sofrimento, nem a morte, eliminam. Cristo Vive.