
O bispo auxiliar do Porto, deixou uma mensagem de esperança sublinhando que na pandemia estamos a viver “um tempo duro que devemos saber aproveitar”. Dirigiu especiais palavras para as famílias e idosos. Citou o Papa e exortou todos a viverem uma “Quaresma de caridade”.
Por Rui Saraiva
Foi mais um encontro de reflexão quaresmal transmitido pela via digital, aquele que aconteceu na sexta-feira dia 26 de fevereiro. Disponível no facebook e no youtube.
Coube a D. Pio Alves de Sousa, a segunda reflexão desta Quaresma. O bispo auxiliar do Porto, na sua intervenção, assinalou o facto de estarmos a viver este período de preparação para a Páscoa em tempo de pandemia.
A este propósito ressaltou as dificuldades da atual situação sanitária, mas lançou uma palavra de esperança: “Esta Quaresma poderá ser diferente para melhor” – disse D. Pio Alves que sublinhou que estamos a viver “um tempo duro que devemos saber aproveitar”.
Referindo-se ao tema da Caminhada Diocesana proposta nesta Quaresma com o tema “Todos juntos na Arca da Aliança”, o bispo auxiliar do Porto lembrou que na dinâmica para a II Semana é proposto um texto do capítulo 22 do Livro do Genesis que nos relata um episódio com três personagens: Deus, Abraão e seu filho Isaac.
Perante o pedido de Deus a Abraão de sacrificar o seu próprio filho, este confia em Deus dando prova da sua fé. No relato bíblico “o sacrifício do filho Isaac é substituído por um Cordeiro” – recordou D. Pio Alves. “Deus é fiel à Aliança e não rompe a Aliança com o seu povo” – afirmou.
Concretizando a imagem da Aliança, D. Pio Alves dirigiu-se às famílias e, em particular, ao compromisso entre “marido e esposa” e à aliança que sela o seu matrimónio. “Um compromisso a três: marido, esposa e Deus” – frisou o prelado dirigindo-se aos casais dizendo: “O ouro da vossa aliança é a presença de Deus nas vossas decisões”.
Na sua reflexão, D. Pio Alves citou o Papa Francisco na sua Mensagem para a Quaresma sublinhando a necessidade de viver este tempo com “palavras de incentivo” que permitam “dar esperança”. Recordemos a passagem do Santo Padre referida por D. Pio Alves:
“Na Quaresma, estejamos mais atentos a «dizer palavras de incentivo, que reconfortam, consolam, fortalecem, estimulam, em vez de palavras que humilham, angustiam, irritam, desprezam» (FT, 223). Às vezes, para dar esperança, basta ser «uma pessoa amável, que deixa de lado as suas preocupações e urgências para prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de tanta indiferença» (FT, 224).”
“Que magnífico programa nos traça o Papa com as suas palavras” – assinalou D. Pio Alves apontando que o Santo Padre “dá um passo mais” e recorda-nos ser necessário viver uma Quaresma de caridade sendo “presença estimulante” junto dos outros: “Viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid19” – escreve o Papa citado pelo bispo auxiliar do Porto.
D. Pio Alves dirigiu na sua reflexão quaresmal uma saudação especial às pessoas idosas e concluiu com uma oração a São José que o Papa Francisco recita todos os dias e que consta de uma pagela que será distribuída pelas paróquias da diocese do Porto:
“Glorioso Patriarca São José, cujo poder consegue tornar possíveis as coisas impossíveis, vinde em minha ajuda nestes momentos de angústia e dificuldade. Tomai sob a vossa proteção as situações tão graves e difíceis que Vos confio, para que obtenham uma solução feliz. Meu amado Pai, toda a minha confiança está colocada em Vós. Que não se diga que eu Vos invoquei em vão, e dado que tudo podeis junto de Jesus e Maria, mostrai-me que a vossa bondade é tão grande como o vosso poder. Amém”.

D. Pio Alves, uma vida ao serviço do povo de Deus
O bispo auxiliar do Porto, D. Pio Alves, foi Administrador Apostólico do Porto entre 2013 e 2014. Em abril completa 10 anos de ordenação episcopal e 76 anos de idade. Em agosto próximo contará 53 anos de ordenação sacerdotal.
D. Pio Alves nasceu em Lanheses no Concelho de Viana do Castelo a 20 de abril de 1945. Foi ordenado presbítero a 15 de agosto de 1968 na Sé de Braga. No primeiro ano de sacerdote, foi coadjutor na paróquia de Creixomil (Guimarães). Entre 1983 e 1994, colaborou nas paróquias de Maximino; Matriz (Ponte de Lima: (1983-1994; 2001-2003); Nª Sª de Fátima / Nª Sª das Dores (Lisboa: 1999-2000).
Foi Assistente do Núcleo de Braga da Associação dos Médicos Católicos Portugueses (1983-1994); Vigário Episcopal da Fé da Arquidiocese de Braga (1985-1991); Delegado da Arquidiocese de Braga para a Voz do Minho da Rádio Renascença (1985-1994); Presidente da Comissão Arquidiocesana de Liturgia (1986-1991) e Director do Secretariado Arquidiocesano para a Comunicação Social (1990-1991). É Cónego da Sé de Braga desde 1987, onde foi Mestre-Escola (1987-1990), Chantre (1990-2003) e Deão desde 2003.

Foi ainda Diretor do Arquivo e Biblioteca da Sé de Braga e Diretor do Tesouro-Museu da Sé de Braga e, nessa qualidade, presidiu aos trabalhos de ampliação e remodelação das suas instalações e coordenou a preparação da exposição permanente Raízes de Eternidade. Jesus Cristo, Uma Igreja.
Foi nomeado bispo pelo Papa Bento XVI a 18 de fevereiro de 2011 e ordenado a 10 de abril desse mesmo ano. É bispo auxiliar do Porto tendo sido nomeado administrador apostólico da diocese a 1 de julho de 2013 até à entrada de D. António Francisco dos Santos em 2014. A nível nacional exerceu o cargo de Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, eleito a 8 de novembro de 2011. Em 2019 foi distinguido pela Câmara Municipal de Viana do Castelo como “Cidadão de Honra”.