Covid-19: emergência até 16 de março. No dia 11 um plano para desconfinar

Foto: Rui Saraiva

O presidente da República renovou o estado de emergência em confinamento geral afirmando ser necessário “ganhar até à Páscoa o verão e o outono deste ano”. Para o futuro pediu estudo e preparação. O primeiro-ministro anunciou um plano que será apresentado a 11 de março.

Por Rui Saraiva

“Lucidez, determinação e coragem” – foi com estas palavras, numa comunicação ao país na quinta-feira 25 de fevereiro, que o presidente da República descreveu o comportamento dos portugueses durante o confinamento geral que dura desde meados de janeiro. Uma situação que permitiu que fossem reduzidos “significativamente, o número de infetados e o número de mortos” nos últimos quinze dias. E a “propagação do vírus atingiu os valores mais baixos num ano” – assinalou.

Estudar e preparar o futuro

Marcelo Rebelo de Sousa alertou para a tentação de “abrir e desconfinar o mais rápido possível”. Não deixando de assinalar a “crise profunda” da economia e da sociedade citando áreas como a “cultura, movimento associativo, desporto jovem, restauração, hotelaria” e “comércio”, o presidente disse que há “um outro prato na balança” deste problema: o número de internados, o atraso na entrega de vacinas e a necessidade de mais testagem.

“O número de internados ainda é quase o dobro do indicado por intensivistas, que estão no terreno a tratar do mais grave. O número de cuidados intensivos é mais do dobro do aconselhado, para evitar riscos de novo sufoco” – disse Marcelo.

Recordando que “os números que nos colocaram no lugar de piores da Europa e de piores do mundo não são de há um ano ou de há meses, são de há um mês”, o presidente da República sublinhou que “pior do que o que vivem agora a economia, a sociedade, a saúde mental e as escolas, só mesmo se tivermos de regressar ao que acabámos de viver, daqui a semanas ou meses”.

“Sabemos que por atraso na entrega de vacinas, não haverá, provavelmente, no próximo mês, mês e meio, vacinação, que garanta tudo o que se quer garantir, desde logo nas escolas. Sabemos que testar e rastrear, em escassíssimas semanas, nos termos que permitam a segurança necessária, poderá ser complicado, mesmo só para as escolas” – frisou o presidente.

Para Marcelo Rebelo de Sousa é preciso “decidir em consciência” com fundamentação “em critérios objetivos e claros” tais como os “indicadores da gravidade da pandemia” a “vacinação” a “testagem” e o “rastreio”.

“Temos de ganhar até à Páscoa o verão e o outono deste ano” – disse o presidente afirmando ser a Páscoa um “marco essencial para a estratégia” de combate à pandemia.

“É, pois, uma questão de prudência e de segurança manter a Páscoa como o marco essencial para a estratégia em curso” – afirmou Marcelo que pediu a continuidade da “solidariedade institucional e a solidariedade estratégica entre o Presidente da República, a Assembleia da República e o Governo”.

E para o tempo pós-confinamento o presidente preconizou “que se estude e prepare com tempo e bem o dia seguinte”.

Um plano a 11 de março

Por sua vez, o primeiro-ministro António Costa informou na sexta-feira dia 26 de fevereiro em conferência de imprensa que no dia 11 de março apresentará um “plano de desconfinamento”. “O compromisso que quero aqui assumir é que, no dia 11 de março, apresentaremos o plano de desconfinamento” – disse António Costa assumindo que o plano será “gradual, progressivo e diferenciado em função de setores e atividade e, porventura, de localizações” – afirmou.

No entanto, António Costa frisou que falar de desconfinamento neste momento é “distrair cidadãos do essencial”. O primeiro-ministro esclareceu que a situação do país está “melhor que há uma semana, há quinze dias, há um mês, mas bastante pior do que quando desconfinámos em maio”.

António Costa apelou à prudência pois temos ainda “um número quatro vezes superiores aos que tínhamos em maio” quando foi ativado o primeiro desconfinamento.

Nas próximas semanas mantêm-se o confinamento geral e todas as atuais restrições para combater pandemia de covid-19.