Por Joaquim Armindo
Existem três documentos essenciais para a compreensão do pensamento do bispo de Roma, papa Francisco, que em qualquer reflexão, conduzindo à ação, deverá saber-se, ter lido e estudado: “Louvado Sejas”, “Querida Amazónia [Mundo] ” e “Todos Irmãos”; um outro existe mas que não é somente dele, a “Alegria do Evangelho”. Eles trazem a todos os cristãos e cristãs, de qualquer tradição religiosa, grandes linhas para a missão da Igreja no nosso tempo e a (re) leitura de toda a Tradição, elas encarnam a Razão. O modelo paradigmático da Missão que Jesus confiou à sua Igreja, não é mais o das “cruzadas”, nem das “inquisições”, nem sequer das “infabilidades”. Os textos são em si contribuições para a abertura ecuménica na sua tríplice dimensão, que em 1969, o Conselho Mundial de Igrejas já referia: uma reconciliação de cada um com Deus, de cada um com o outro, e de todos com a Natureza. Qualquer tentativa para conformar os textos a um pragmatismo ultrapassado, não é, creio eu, o Espírito do Senhor a descer sobre este fabuloso cosmos. A horizontalidade do pensamento de Francisco não é um olhar para trás, no sentido de sermos “estátuas de sal”, ou continuarmos no conformismo de repetir sempre os mesmos argumentos sobre a Igreja; estas posições serão, isso sim, um travar às “quatro rodas”, o que Francisco lança a todos, com religião ou sem religião. Talvez, tenha um dia de “lançar mais flechas”, para que os corpos habituados à rotina, despertem para viver, hoje, já o Reino de Deus, aquele que “mana leite e mel”, como foi dito a Moisés.
Na Igreja Católica Romana reflete-se sobre um outro documento, emanado da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), intitulado “Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal”, de que aqui fiz nota há cerca de dois meses. Só será realmente pena não se aproveitar esta reflexão para todo o Povo de Deus e com os textos base mencionados. Mas, mesmo, sendo sempre os mesmos a analisar os textos, é uma oportunidade para que alguns percebam o que é a Sinodalidade em Igreja.
O texto da CEP tem, quanto a mim, três grandes temas fundamentais para a transformação da prática de todos na Igreja: o Grito da Terra, o Grito da Humanidade e a Comunidade Sinodal. Verdade se diga que só praticando se perceberá do que se está a falar. Mas o exercício da prática teórica, dará, creio, a possibilidade da iluminação pelo Espírito Santo. Tantas vezes que confiamos n`Ele e tantas vezes desconfiamos d`Ele. O poder da Fraternidade, da Misericórdia e do Amor de Deus, devem ser as pedras basilares de qualquer transformação. E só!