
“Não dar sinais errados para a Páscoa” – o aviso de Marcelo Rebelo de Sousa em comunicação ao país na quinta-feira dia 11 de fevereiro. O Governo aprovou decreto que regulamenta estado de emergência até 1 de março.
Por Rui Saraiva
Se dúvidas havia, o presidente da República clarificou-as na quinta-feira dia 11 de fevereiro em comunicação ao país: “Temos de manter o estado de emergência e o confinamento, como os atuais, por mais quinze dias, e, apontar para prosseguir, março fora, no mesmo caminho, para não dar sinais errados para a Páscoa” – frisou o presidente.
Os portugueses compreenderam
Marcelo Rebelo de Sousa, no início do seu discurso, descreveu o cenário do qual partimos neste confinamento geral atual “com números de infeções e de mortos dos piores da Europa e dos piores do mundo, pressão elevadíssima nas estruturas da Saúde, notícias pontuais de favoritismos no desvio de vacinas, sentimentos divididos quanto a apoios europeus, e, nalgumas vozes da opinião política, acenos a Governos de salvação nacional” – disse o presidente da República.
Das regras de recolhimento e confinamento implementadas perante o registo catastrófico da crise covid em janeiro, o presidente Marcelo apresentou algumas conclusões que, segundo ele, estão agora presentes no entendimento dos portugueses. Pois conseguiram “compreender o que estava a mudar”.
Declarou o presidente:
“Os Portugueses compreenderam que os apoios europeus eram simbólicos, não substituíam os heróis da Saúde, mas mostravam que numa verdadeira União ninguém deve esquecer ninguém.”
“Os Portugueses compreenderam que há atrasos na produção e no fornecimento de vacinas, na Europa, e em Portugal, e que isso ia impor, a partir de abril, vacinar mais e mais depressa para cumprirmos a meta avançada para setembro. E, também, que os responsáveis pelos favoritismos no desvio de vacinas iam ser exemplarmente punidos.”
“Os Portugueses compreenderam que sublinhar a essencial ajuda das nossas Forças Armadas – presentes desde março de 2020 – ao pessoal da Saúde e aos autarcas – é um trunfo no processo de vacinação.”
“Os Portugueses compreenderam que o bom senso já aconselhava – que provocar, nesta altura, crises políticas, com cenários de governos à margem dos partidos de resultado indesejável – em tempo perdido, em terceiras eleições no verão e nada de novo no horizonte – não servia para outra coisa senão para agravar a pandemia, nunca para a abreviar.”
“Os Portugueses finalmente compreenderam o mais importante – que o número de infetados por dia descia de mais de quinze ou dezasseis mil para entre dois e sete mil e o de mortos descia também, e isso – a manter-se – podia, dentro de semanas, um mês, um mês e meio, reduzir a enorme pressão sobre as estruturas da Saúde.”
Até à Páscoa
“E agora?” – perguntou Marcelo assegurando, desde logo, uma resposta que deverá ter em conta que “temos de sair da primavera sem mais um verão e um outono ameaçados”. Sublinhou ser necessário “assegurar que a Páscoa, no início de abril, não será causa de mais uns meses de regresso ao que vivemos nestas semanas”.
“Temos, até à Páscoa, de descer os infetados para menos de dois mil, para que os internamentos e os cuidados intensivos desçam dos mais de cinco mil e mais de oitocentos, agora, para perto de um quarto desses valores. E descer, também, a propagação do vírus para números europeus” – declarou o presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa decidiu manter o estado de emergência e o confinamento geral que continuará em março, sendo necessário “evitar que qualquer abertura seja um novo intervalo entre duas vagas” – afirmou.
O presidente pediu que seja melhorado “o rastreio de contaminados” e “o desafio constante da vacinação” para seja possível “um desconfinamento bem-sucedido”.
“Temos de continuar a apoiar e apoiar depressa os que, na economia e na sociedade, sofrem com estas semanas de sacrifício” – disse ainda Marcelo.
No final da sua comunicação ao país, o presidente da República rejeitou a possibilidade de “crises políticas” e “cenários de Governos de unidade ou salvação nacional”.
“Não se conte comigo para dar o mínimo eco a cenários de crises políticas ou eleitorais. Já nos bastam a crise da saúde e a crise económica e social” – salientou Marcelo apelando à resistência dos portugueses neste tempo de pandemia.
Mais emergência e confinamento
Segundo o comunicado do Conselho de Ministros de 11 de fevereiro o governo português “aprovou o decreto que regulamenta o estado de emergência decretado pelo Presidente da República, mantendo as regras atualmente vigentes até às 23:59h do dia 1 de março de 2021”. Nesse mesmo decreto foi decidido que “passa a ser permitida a venda, nos estabelecimentos de comércio a retalho que se encontrem já em funcionamento, de livros e materiais escolares”.