
Comunhão e sinodalidade eclesial, a visão de Gonzalo Tejerina Arias.
Decorrem online de 1 a 4 de fevereiro no Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa as Jornadas de Teologia subordinadas ao tema “ ‘Um só Corpo, um só Batismo’ (Ef. 4, 4) – A Diversidade dos Carismas e a Construção da Comunhão”.
Por Alexandre Moreira, João Azinheira e Tiago Dias
Eis a síntese da manhã do primeiro dia das Jornadas de Teologia onde se procurou refletir a Igreja e o seu papel no, e a partir do Mundo. Esta 28ª edição das Jornadas promovidas pela Faculdade de Teologia da UCP-Porto procura, nas palavras da diretora do respetivo Centro Regional, Dr. Isabel Braga da Cruz, o «acentuar da missão específica da Universidade Católica como face visível de uma Igreja em diálogo com a cultura, procurando igualmente uma aproximação da instância formativa ao clero que formou».
«A Igreja no Mundo: uma unidade plural».
Por seu turno, D. Manuel Linda sublinhou «este sentido de extensão à comunidade como génese de abertura ao exterior» que estas Jornadas materializam, também enquanto elemento-chave na formação permanente do clero que quer o prelado, quer o diretor da Faculdade de Teologia-Porto, Dr. Abel Canavarro, sublinham, saudando calorosamente a participação alargada da diocese de Vila Real nesta edição, na pessoa do seu bispo, D. António Augusto Azevedo. Este ano, não se alheando daquele que é o movimento teológico internacional e de encontro ao plano pastoral diocesano, a Faculdade de Teologia pretende uma visão centrada na valorização do sacramento do Batismo como elemento que exige a participação de todos os cristãos na vida eclesial.
Dada a circunstância pandémica que atravessamos, a sua realização por via digital permitiu, na manhã do dia 1 de fevereiro, estreitar os laços entre países irmãos, marcada pelas intervenções do Professor Doutor Gonzalo Tejerina Arias, Decano de la Facultad de Teología de la Universidad Pontificia de Salamanca, centradas na temática da comunhão e sinodalidade eclesial
Sob o título os desafios de um mundo plural à consciência da diversidade eclesial, Arias situa historicamente a sua reflexão a partir das consequências da revolução francesa cujo impacto afetou o modo de ser e estar em Igreja que se tornou negativamente reacionária numa sociedade progressivamente secularizada e ilustrada. Por outro lado, o amplo pluralismo da Sociedade atual obriga a uma reflexão da Igreja quanto à sua unidade numa diversidade que se manifesta na comunhão. O florescimento da consciência eclesial de que a diversidade não anula a unidade, mas enriquece-a, e que não há comunhão possível sem comunidade, leva a Igreja a perceber-se como «um corpo de vocações, carismas e ministérios que só na diversidade e na liberdade necessárias podem contribuir à fecundidade do corpo eclesial. Essa diversidade procede da graça do Espírito: rejeitar esses carismas é rejeitar o Espírito». Neste sentido, a Igreja é chamada ao contínuo confronto, convívio e cooperação com o Mundo e consigo própria de forma dialética, dialógica e criativa, ciente de que a abundância de posições não significa que todas sejam de igual valor.
á na segunda parte da sua exposição, intitulada Sinodalidade, Democracia e Participação ativa na comunidade eclesial, apresenta a Igreja enquanto “Povo de Deus” e “Mistério de Comunhão”, um pensamento que alicerça a prática e a vivência da Sinodalidade. A importância da prática sinodal, simultânea a um mecanismo de comunhão, significa um exercício da autoridade enquanto exercício de caridade comunional que oriente à participação universal. Neste sentido, sublinha que a Igreja, apesar não poder ser uma democracia, integra procedimentos democráticos, salientando a importância dos leigos na emergência da sinodalidade na vida eclesial: «a Igreja é um profundo sentido de comunhão sob a soberania da Palavra de Deus».