Domingo V do Tempo Comum

7 de Fevereiro de 2021

 

Indicação das leituras

Leitura do Livro de Job                                                                                     Job 7,1-4.6-7

«Os meus dias passam mais velozes que uma lançadeira de tear e desvanecem-se sem esperança».

 

Salmo Responsorial                                            Salmo 146 (147)

Louvai o Senhor, que salva os corações atribulados.

 

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios                 1 Cor 9,16-19.22-23

«E tudo faço por causa do Evangelho, para me tornar participante dos seus bens».

 

Aclamação ao Evangelho            Mt 8,17

Cristo suportou as nossas enfermidades e tomou sobre Si as nossas dores.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos                        Mc 1,29-39

«Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, a casa de Simão e André».

«Jesus aproximou-Se, tomou-a pela mão e levantou-a».

«Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de pregar aí também, porque foi para isso que Eu vim».

 

Viver a Palavra

O tempo é um dom precioso que Deus coloca em nossas mãos e geri-lo bem é um grande desafio para cada um de nós. Quantas vezes fazemos a experiência de chegar ao final do dia e sentir que devíamos ter aproveitado melhor o tempo, dedicado mais atenção a alguns aspectos que foram descurados e ter saboreado a oportunidade de mais um dia que o Senhor nos deu a viver.

A nossa vida e o frenesim do nosso quotidiano muitas vezes envolvem-nos de tal maneira que nos impedem de viver e aproveitar convenientemente cada momento. Contudo, importa impor ritmos e tempos que nos ajudem a aproveitar e a saborear a beleza da vida. O tempo e a história são o lugar no qual se inscreve a nossa breve existência e, por isso, diante de nós coloca-se o desafio de viver o tempo aproveitando-o como oportunidade única de encontro e reencontro. Cada dia, cada semana, cada ano são uma nova oportunidade de ser mais, de ser melhor, de fazer diferente, saboreando aquilo que a vida nos oferece e transformando o lugar em que vivemos, trabalhamos ou nos divertimos naquilo que o Senhor sonhou para nós.

No Evangelho deste Domingo acompanhamos uma jornada típica de Jesus. S. Marcos apresenta-nos o ritmo de um dia da vida de Jesus com as suas diversas ocupações, prioridades e encontros. Jesus, o Verbo Eterno, habita o nosso tempo e faz dele lugar da manifestação do amor do Pai. A consciência de que o Seu alimento é fazer a vontade Daquele que O enviou, imprime no Seu quotidiano um ritmo e uma marca diferente. Jesus não se deixa levar pelo activismo das muitas coisas a fazer, nem se demora na análise e programação estéril das várias coisas a realizar. Jesus articula sabiamente contemplação e acção, proximidade e encontro, anúncio e missão. Faz e ensina a fazer, realiza com as Suas próprias mãos e convida a colaborar na Sua obra. Parte ao encontro de todos e acolhe os que Dele se aproximam, mas também tem necessidade de se recolher na intimidade com o Pai para renovar a consciência da missão e dar sentido aos passos percorridos.

Jesus, procurado por todos, procura a intimidade com o Pai e ao romper da jornada retira-se para um lugar ermo para rezar. Como é inspirador e salutar começar a jornada, não com o corre-corre de quem vai atrasado e tem tantas coisas para fazer, mas com a serenidade do encontro com o Pai que dá sentido e plenitude aos nossos dias e aos nossos afazeres.

Jesus cura aqueles de quem se aproxima, realiza milagres, oferece a saúde corporal e aponta caminhos de plenitude e totalidade. Não se deixa confinar e parte, fazendo-nos partir com Ele: «vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de pregar aí também, porque foi para isso que Eu vim».

Nos relatos das curas e milagres de Jesus há sempre um aspecto que me impressiona: a capacidade de Jesus de nos erguer da nossa situação de vítimas para nos tornar protagonistas. Nesta passagem vemos a sogra de Pedro, que uma vez restabelecida, levanta-se e começa a servi-los. Ser protagonista e construtor activo da nova civilização do amor é o caminho que somos chamados a encetar, contudo, tantas vezes, a vitimização impede-nos de progredir, crescer e chegar mais alto. Por isso, como Paulo queremos assumir a urgência da evangelização e dizer com a nossa vida: «fiz-me tudo para todos, a fim de ganhar alguns a todo o custo. E tudo faço por causa do Evangelho, para me tornar participante dos seus bens».

 

Homiliário patrístico

Início do Sermão de São Leão Magno, papa,

sobre as Bem-aventuranças (Séc. V)

Irmãos caríssimos: Quando Nosso Senhor Jesus Cristo pregava o Evangelho do reino e percorria toda a Galileia curando as mais diversas enfermidades, a fama dos seus milagres divulgou-se por toda a Síria, e de toda a Judeia afluíam grandes multidões ao médico divino. Porque a ignorância humana é tão lenta para acreditar no que não vê e esperar o que não conhece, era necessário que aqueles que deviam ser confirmados nos ensinamentos divinos fossem estimulados com benefícios corporais e milagres visíveis; e assim, experimentando o poder benéfico do Senhor, não duvidariam da sua doutrina salvadora.

Por isso o Senhor, para converter os dons exteriores em medicina interior e passar da cura dos corpos à saúde das almas, separou-Se das multidões que O rodeavam e subiu para um sítio isolado de um monte próximo, levando consigo os Apóstolos a fim de os instruir nos mais sublimes ensinamentos.

Sentou-Se no alto da sua cátedra mística, querendo significar, com o lugar escolhido e com a atitude tomada, que Ele era o mesmo que outrora falara a Moisés, também num monte isolado; mas enquanto noutros tempos fizera sentir a severidade da justiça, agora manifestava a sua íntima bondade, para cumprir o que tinha anunciado por meio do profeta Jeremias: Dias virão, diz o Senhor, em que firmarei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma nova aliança.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. No dia 2 de Fevereiro celebramos a Festa da Apresentação do Senhor e o Dia do Consagrado. Este ano o tema para a Semana do Consagrado é «Consagrados: Fiéis e Felizes?». Este dia constitui-se como uma oportunidade privilegiada para recordar a importância dos consagrados na vida da Igreja mas também para apresentar a vida consagrada como proposta vocacional para quantos se interrogam acerca do projecto de Deus para as suas vidas. Na página oficial da conferência episcopal portuguesa estão disponíveis diversos materiais que podem ajudar a dinamizar este dia e que podem servir de apoio para a realização de diversas actividades: http://www.conferenciaepiscopal.pt/v1/semana-do-consagrado/. Neste tempo de pandemia, o recurso aos diversos meios digitais pode ajudar a dinamizar este dia através de testemunhos de pessoas consagradas, bem como através de propostas de oração e reflexão.

 

  1. Para os leitores: a primeira leitura apresenta a angústia e inquietação que invade o coração de Job. A proclamação deste texto deve ter em atenção as diversas interrogações presentes no texto, bem como a interpelação que Job dirige a cada um de nós. A segunda leitura apesar de não apresentar nenhuma dificuldade aparente exige um especial cuidado nas pausas e respirações para uma melhor articulação do texto. Além disso, este texto deve ser marcado por um tom de esperança e alegria, testemunhando a urgência e a necessidade de me envolver no anúncio do Evangelho.

 

Sugestões de cânticos:

Entrada: Vinde, prostremo-nos em terra – A. Cartageno (CN 1007); Salmo Responsorial: Louvai o Senhor, que salva os corações atribulados (Sl 146) – M. Luís (SRML, p. 212-213); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Cristo suportou as nossas enfermidades – M. Simões (CN 53); Ofertório: Tomai, Senhor, e recebei – J. Santos (CN 966); Comunhão: Eu vim para que tenham vida – F. Silva (CN 462); Pós-Comunhão: Demos graças ao Senhor – A. Cartageno (CEC II 27); Final: Povo teu somos, ò Senhor – L. Bourgeois (CN 821).