Do alívio à esperança

Por João Alves Dias

“Um novo dia nasce para a América” (e para o Mundo), disse Joe Biden. Foi há uma semana…. Finalmente, chegou ao fim o execrando mandato do presidente dos EUA que envenenou a convivência entre os seus concidadãos e entre os povos e tornou o mundo um lugar muito mais perigoso. Respirámos de alívio. “Este é o dia da democracia”.

Em “7Margens” (16/1/2021,) li um texto assinado por Massimo Faggioli, “historiador do catolicismo e professor de Teologia e Estudos Religiosos na Universidade Villanova (Filadélfia), autor do livro Joe Biden e il cattolicesimo negli Stati Uniti.  Sublinhei três razões para a esperança.

1- O conceito:

– “Joe Biden é o segundo presidente católico. (…) Durante toda a campanha eleitoral Biden apoiou-se sempre na centralidade da sua fé sem deixar a mínima dúvida de onde proveem as suas raízes e tudo aquilo que o sustenta.”

– “Como católico na vida pública, Biden reflecte a convicção de que a política é uma profissão profundamente nobre, uma forma de magistério, uma vocação laical. Biden é um desses crentes para os quais a vida pública não é teatro, a religião não é um conjunto de regras. (…) Biden transcende tudo isto. “

– “Biden é o primeiro presidente católico na história americana que exprime publicamente a sua alma religiosa, não vagamente religiosa mas cristã; ecuménica, mas católica; duma forma militante mas não belicosa, testemunhal.”

2- O testemunho:

– “No seu discurso de aceitação a 7 de Novembro, Biden citou quer a Bíblia quer o hino litúrgico “Nas asas da águia” um hino típico do estilo litúrgico da Igreja pós-Concílio Vaticano II, explicando que “representa a fé que me sustém e que eu creio que sustenha a América. E eu espero, espero poder trazer conforto e alívio “.

. “Em Junho, Biden foi convidado para falar no funeral de George Floyd, morto pela polícia de Minneapolis durante uma manifestação. Nesse momento de grandes desordens no país tinha afirmado: “Cresci com a doutrina social da Igreja, que me ensinou que uma fé sem obras é uma fé morta e que seremos reconhecidos por aquilo que tivermos feito.”

3- O desafio

. “Como católico, Joe Biden terá de enfrentar ventos contrários mais fortes do que os seus predecessores. O carácter problemático e desolador da cultura do consumismo tardo-capitalista tornou uma posição antagonista cujo slogan é “Cristo contra a cultura” extremamente atraente para muitos. Para muitos, mas não para Joe Biden. Além de outras tantas convergências políticas possíveis entre o Papa Francisco e Joe Biden, encontramos aqui uma convergência ainda mais profunda; ou seja, a recusa de renunciar a uma teologia fundada sobre uma avaliação otimista da Criação, quer dizer, uma posição que enfatiza a encarnação e a sacramentalidade. A história é locus pela graça e a graça manifesta- se na luta.”

Os governos e as nações têm seus olhos fixos neste homem que pensa, sente, age como cristão e faz da política um ‘serviço’ laical. Que o Papa Francisco, evocado pelo P. Leo O Donovan  na sua tomada de posse,  o inspire. E a luz da Fé ilumine seus caminhos e ajude a sarar as feridas abertas pelo seu antecessor na América e no Mundo.