Um passo tímido: as leitoras e as acólitas

Por Joaquim Armindo  

A existência de acólitas e leitoras nas igrejas já há muito tempo foi assumido na prática, e nunca existiu nenhum problema causado pelo clero, nem pelo Povo de Deus, por este ministério ser assumido por mulheres, também. Só que era uma prática que “não estava escrita”. Francisco colocou o que já era a prática, alterando o Código de Direito Canónico, agora, as acólitas e as leitoras possuem a possibilidade de o serem por direito e por instituição canónica, se assim o bispo da diocese (igreja particular) o permitir. Nas igrejas católicas não se vai sequer dar por qualquer alteração, a menos do rito da instituição, mas a justiça das mulheres acederem à corresponsabilidade pastoral e sinodal, na sua condição ministerial, não passa de um passo tímido, ou seja, decisões tomadas, quando há muitos anos é corrente. O Sínodo da Amazónia pediu que as mulheres pudessem ser ordenadas diáconas e que em circunstâncias especiais, como em celebrações eucarísticas – o centro da vida do cristão e da cristã -, fosse concedida autorização de um ministério especial para a sua celebração, a mulheres e a homens que não fossem presbíteros, baseado no sacerdócio comum dos fiéis, no entanto prevaleceu o que é aceite pela “legislação canónica”,  em detrimento dos frutos advindos da participação eucarística.

O jornal Vida Nueva, de 15 de janeiro, conta alguns casos em que a presente alteração canónica, nem é sentida em tantos locais. Por exemplo, diz o jornal on-line, que a mulher Rosa preside à celebração da palavra, com distribuição da comunhão, todas as segundas-feiras, em Madrid, bairro de Vicálvaro, o que faz há anos, não deu por qualquer mudança. O que fazia, continua a fazer, agora podendo ser instituída e, certamente, – digo eu -, nem sabe o que diz o paragrafo 1.º do artigo 230.º do Código do Direito Canónico, que, agora, que pode fazer, o que já fazia. Não deixa de ser positivo, no dizer de Rosa, mas, diz ela, que a comunidade que serve não vai compreender que só a partir de janeiro de 2021, “Os ministérios dos leigos, baseados no sacramento do Batismo, podem ser confiados a todos os fiéis que sejam idóneos, sejam homens ou mulheres”. Para a comunidade de Rosa esta notícia seria insignificante, significativo seria se vacinassem todos contra o COVID-19.

Por isso, digo, é um passo tímido. Excelente seria, desde já, reconhecer que as mulheres, não são diferentes dos homens, podem assumir os ministérios, e cá por mim, penso, desclericalizar a Igreja.