Domingo da Palavra de Deus

Por Secretariado Diocesano da Liturgia

O próximo Domingo, 3º do Tempo Comum, será o «Domingo da Palavra de Deus». Assim o determinou o Papa Francisco, institucionalizando, com o Motu próprio Aperuit illis (30 de setembro de 2019), a proposta anteriormente expressa na Carta Apostólica Misericordia et Misera (20 de novembro de 2016). Francisco deixou a cada comunidade a concretização da «forma de viver este Domingo como um dia solene» (Aperuit illis, 3) e fez várias sugestões, como já foi referido neste espaço.

Trabalhando sobre essas sugestões, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou uma «nota» em 17 de dezembro p.p. Destacamos aqui, quase como sumário, as principais indicações dessa nota que pretende que o dia dedicado à Bíblia seja não “uma vez no ano”, mas uma vez por todo o ano.

A primeira recomendação, que endossamos especialmente a padres, diáconos e leitores, é a de reler alguns documentos da Igreja: a Constituição Conciliar Dei Verbum do II Concílio do Vaticano, a Exortação Apostólica Verbum Domini do Papa Bento XVI e, de modo especial, os Preliminares do Ordenamento das Leituras da Missa que encontramos no início de cada um dos oito volumes do Leccionário da Missa.

Depois de destacar a estrutura e dinamismo da Liturgia da Palavra como diálogo entre Deus e o seu povo culminando na proclamação evangélica do mistério de Cristo, a nota sugere a valorização dos ritos que envolvem o Evangeliário que deve ser levedo processionalmente na procissão de entrada ou, pelo menos, colocado no altar. É uma forma muito digna e expressiva de realizar a «entronização» sugerida pelo Papa Francisco.

O respeito geral pelo ordenamento das Leituras da Missa proposto nos Leccionários é, felizmente, uma regra observada entre nós. O mesmo se diga do canto do Salmo Responsorial que se generalizou no nosso país. Outro aspeto em que se fez caminho foi no uso dos Leccionários em vez de folhetos, fotocópias e outras publicações subsidiárias. Eis alguns aspetos em que a Pastoral litúrgica tem dado os seus frutos, embora haja tanto ainda a fazer.

Sobre a homilia – ministério tão delicado – remete-se em notas de rodapé para a releitura do Diretório Homilético. A responsabilidade que incumbe sobre os pastores de explicar e fazer compreender a todos a Sagrada Escritura não deve redundar em homilias prolixas nem em aulas de exegese bíblica.

Oportuna parece ser a revalorização do silêncio exterior e interior, sem o qual não pode haver escuta, meditação e assimilação da Palavra viva de Deus.

A nota destaca a importância dos ministros encarregados de proclamar a Palavra de Deus na assembleia celebrante: sacerdotes, diáconos e leitores. Se, ao menos, no Domingo da Palavra de Deus este ministério fosse exercido por todos com excelência! E que deste domingo sobre para todo o ano o compromisso de trabalhar mais e melhor na preparação interior e exterior para uma conveniente, correta e inteligente proclamação dos textos da Palavra de Deus!

Depois das pessoas, também o lugar da proclamação da Palavra de Deus – o ambão – deve ser cuidado e valorizado. Muitas das nossas Igrejas ainda aguardam a realização de um programa de adequação que reencontre ou reinvente o lugar do ambão e lhe confira a dignidade que lhe compete, tendo em conta a importância da Palavra de Deus na vida da Igreja. E também há muito a retificar no sentido de eliminar ou, pelo menos, minimizar o seu uso indevido que deseduca.

A situação de emergência pandémica que estamos a viver inibe-nos de realizar ações formativas de iniciação à Sagrada Escritura e à sua leitura litúrgica. Nesta circunstância, que seja a dignidade e beleza da própria celebração a abrir o coração e a inteligência dos fiéis ao conhecimento e vivência do mistério de Cristo proclamado e tornado presente na Liturgia da Palavra.