Igreja em Portugal: Ouvir Deus e o grito da Terra e da Humanidade

Por Joaquim Armindo

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), emitiu um documento sob o tema “Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal”, onde pretende à luz da sinodalidade, “discernir desafios pastorais e lançar alguma luz sobre o que vivemos”, chamando todos os cristãos ao desafio de compreender este “grito da Terra e grito da Humanidade”, que é o COVID -19, porque “tudo está conectado” – como também refere o papa Francisco. “Olhando a natureza doente, podemos mesmo perguntar: “onde foi parar o ser humano?”. Esgotamos os recursos ambientais e humanos para edificar uma sociedade que, na hora da verdade, se mostra frágil e voraz. A destruição acelerada de espécies animais e vegetais, a poluição e tantos outros pecados graves contra a natureza ameaçam a própria vivência da Humanidade.”- refere o documento. Isso coloca à Igreja desafios pastorais, “defender a saúde dignifica a vida, mas o direito à vida não é só ter o direito de viver”, é preciso que existam condições de vida dignas e sem qualquer discriminação.

Os bispos portugueses elencam uma série de situações que se devem resolver, como “a solidão”, a “inclusão e a solidariedade”, a igreja enquanto comunidade, o sacerdócio comum dos fieis, salientando que “a nossa sociedade precisa de uma Igreja que seja “hospital de campanha” pronta a socorrer, a cuidar, a abrigar, como já o foi em tantos momentos de crise” e lançam uma pergunta a todos os Conselhos Pastorais Paroquiais e Diocesanos: “Somos de facto um hospital de campanha, pronto a estar entre os feridos desta e de outras guerras? Somos a “casa do Bom Samaritano”, como espaço para os abandonados nas estradas da vida?”.

Proclamando a necessidade de “um novo anúncio do Evangelho”, onde se construa a fraternidade universal, com os meios que possuímos nas mãos, um novo anúncio onde o primado da Palavra anule tantos “analfabetos do Evangelho”.

Uma das caraterísticas mais frontal é quando chama “A Paróquia, Comunidade Sinodal”, comunidade que seja ausente dos “autoritarismos, críticas, invejas, ciúmes”, para podermos caminhar juntos, na igreja em saída, o que significa que “não basta a atitude cómoda de ficar à espera que as pessoas venham até nós”, mas de uma Igreja atenta e que vá, vá e escute e se deixe evangelizar, evangelizando. Documento a ler, refletir, mas, sobretudo, atuar.