Tribuna do leitor: mensagens de Natal e final de ano

Recebemos no final do ano de 2020 numerosas e salutares mensagens de Natal e votos de Feliz Ano Novo. Vieram-nos de numerosos locais do país, o que nos alegra muito, porque sendo a Voz Portucalense um semanário diocesano do Porto merece a atenção de leitores em todo o país.

 

Mensagens de Natal e Ano Novo

O Advento tem magia e passa breve! Foi longo o nosso ano 2020. Dá muito que contar. Só o Senhor que tudo vê sabe o que é melhor. A Ele a glória e o louvor para sempre! E à Mãe Santíssima: ela roga pela humanidade tão doente, Fé e confiança no Senhor para sempre!

A pandemia não chegou. Por enquanto! Louvemos e agradeçamos ao Senhor.

(De Lisboa)

Agradeço e louvo o vosso trabalho no querido jornal VP. Tudo lindo e bom. Há muita coisa boa no nosso mundo.

(De Fátima)

Recebidas também mensagens da Senhora da Hora, da Brandoa, da Amadora.

 

Valores cristãos

A VP publicou na sua edição de 02 /12 um texto de M. José Almeida e Silva intitulado Liberdade, Igualdade, Fraternidade onde lembra e muito bem que estes valores são efectivamente valores cristãos.

Julgo útil fazer um breve comentário para convidar à reflexão sob o modo como podem ser conciliados na vida social, já que estes princípios são em grande parte incompatíveis entre si, na mesma área de acção em sociedade, gerando contradições insanáveis desde a Revolução Francesa até hoje. Agora, já não nos guilhotinamos uns aos outros em seu nome, mas excluímo-nos facilmente. Por isso a sua mera invocação abstracta de pouco serve, pouco ajuda.

Na verdade, para este efeito, é necessário tomar em consideração as três esferas estruturantes da actividade humana, concretamente a politica a económica e a cultural. Nesta se incluiria a religião, arte e a ciência, o ensino saúde e a comunicação social. Tudo o que é cultura em geral, para o ser, teria que assentar na liberdade. Claro que são indispensáveis leis e verbas, mas o fundamental do seu funcionamento deve ser a liberdade.

Já no que respeita ao poder politico, as democracias consagram a igualdade de todos perante a lei,  sem  a qual  não existiria verdadeira democracia. Somos iguais em direitos. E há direitos que são fundamentais.

Mas já não somos iguais no conteúdo da nossa consciência. Nem mesmo ao nível das necessidades. Daí que precisemos de ser fraternos no domínio da produção e da distribuição dos bens e serviços para que os menos capazes também tenham acesso, apesar das respectivas e eventuais limitações.

Foi por estas razões melhor ou pior compreendidas que as democracias nasceram estruturadas respeitando tendencialmente uma separação de poderes para que a organização social funcionasse. A tendência para não respeitar esta separação de poderes induz nas democracias uma tendência totalitária. E vemos na America a economia a prevalecer sobre os demais poderes. Na Europa é poder politico que tenta sobrepor-se à vida cultural livre da sociedade civil; e no islamismo temos o poder cultural a procurar anular os outros dois.

Muitos pensadores alertam para a necessidade de reflectir sobre as funções do Estado à luz daquela separação de poderes, como forma de aprofundar a democracia ultrapassando a velha dicotomia entre liberalismo e socialismo. Será esse o caminho para a concretização daqueles valores cristãos.

D. Antonio Ferreira Gomes era um deles e dizia de forma peculiar que o “Estado não é docente”. Mas como acontece aos que estão à frente do seu tempo, também ele falou do que sabia, mas nem sempre os seus o compreenderam!

José Brandão Pedro