
Por Joaquim Armindo
Vivíamos na década de 1930, quando um grupo de mulheres, pertencentes às Igrejas da Reforma (chamadas de “protestantes”), decidiu, na Suíça, juntarem-se e redescobrir a importância do “silêncio na escuta da Palavra de Deus”. Ao mesmo tempo estas mulheres reviviam uma prática de retiros espirituais e de oração da Palavra. Outras pessoas, seguiram este caminho e participavam regularmente neste “silêncio” que ativa as ações ligadas à “escuta” do que a Bíblia nos oferece. As “Damas de Morges”, como são conhecidas, estão organizadas na Comunidade Monástica de Grandchamp (www.grandchamp.org), são 50 mulheres de diferentes gerações, tradições eclesiais, países e continentes. Dentro da comunidade, já não existe o problema da “reforma” e “contrarreforma”, mas têm experimentado na sua vida quotidiana “a dor da divisão entre as Igrejas cristãs”. Afirmam que “permanecendo em Cristo, recebemos a força e a sabedoria para agir contra as estruturas da injustiça e opressão, para nos reconhecer como irmãos e irmãs na humanidade, e para sermos criadoras de um novo modo de vida, com respeito e comunhão para toda a criação”. Esta Comunidade foi convidada a escrever os roteiros para os oito dias da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2021, que decorrerão de 18 a 25 de janeiro, tendo produzido reflexões quem conduzem a uma autenticidade da vida cristã.
O tema “Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos”, verso 5, do texto inserto no Evangelho de João 15,5-9, – que configura o texto bíblico da semana -, é só por si uma chamada, que contem uma verdade incontornável, se não estamos a produzir muitos frutos, quer na “unidade dos cristãos”, quer na “unidade da humanidade”, será sinal que não estamos no Amor de Cristo. O tema é tão claro, que não existem interpretações diversas e são duas palavras chave proclamadas: Amor e Frutos. Onde existe o Amor de Jesus, existem os Frutos para toda a humanidade. Se não existem Frutos na união dos cristãos, não existe o Amor de Jesus.
O maior Fruto que poderemos apresentar à humanidade da união dos cristãos é o Amor. Dentro da unidade e pluralidade, contruiremos os Frutos que a sociedade necessita. O primeiro sinal é que quando sairmos para as “periferias”, saiamos duma Mesa Comum: a Eucaristia, a Santa Ceia. Só assim, conseguiremos estar nas Eucaristias das Vidas, na Mesa Eucarística Comum, que é a Humanidade, na doação do Amor e Misericórdia que Jesus Morto e Ressuscitado nos deixou.