
Por Lino Maia
Antes das festas desta quadra natalícia, verificava-se se uma tendência de descida da epidemia de COVID-19 em Portugal. Ter-se-ia atingido a incidência máxima cumulativa por via de notificação no dia 25 de novembro, havendo já uma tendência de descida, que, apesar dos últimos sinais algo contraditórios, se deseja que venha a ser consolidada.
Outra boa notícia é que o grupo de 60/70 anos e 70/80 anos estão relativamente protegidos em relação aos outros grupos etários.
No entanto, o grupo das pessoas com mais de 80 anos é um grupo que tem maior dependência, maior intensidade de contactos e, por isso, tem ainda uma incidência mais alta. E este é o grupo percentualmente mais apoiado nos Lares, nomeadamente nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) e nos Lares Residenciais das Cooperativas, Instituições Particulares de Solidariedade Social, Misericórdias e Mutualidades…
Não se diferenciando a natureza dos Lares (sector social solidário, privados ou não legalizados), no último dia do ano, depois de, até então, se terem feito 65.000 testes, segundo informações avaliadas pela Segurança Social, havia 321 surtos ativos em Lares (um surto verifica-se quando há 2 ou mais pacientes), com 5.955 utentes e 2.308 trabalhadores positivos. Até àquela data, com um acumulado de 1.923 óbitos em Lares (o que correspondia a 30,4% dos óbitos por Covid), Portugal era o país com menor percentagem comparativa. Alemanha era o segundo país e, aí, atingia-se os 38%, enquanto nos outros países a percentagem comparada de óbitos em Lares por Covid ia subindo, chegando aos 63% na vizinha Espanha.
Se, comparativamente com o que se passa noutros países congéneres, estejamos menos mal, no sector social e solidário continua-se a sofrer com um doente e a chorar uma morte, pelo que não se pode baixar a guarda.
A esperança é agora reforçada com a iniciada vacinação contra o Covid-19: no dia 4 de janeiro, a Casa do Idoso de São José das Matas, no concelho de Mação, foi o primeiro Lar em que utentes e colaboradores foram vacinados. E num primeiro conjunto de Lares dos 25 concelhos com risco de contágio mais elevado estão a ser vacinadas cerca de 12.000 pessoas nesta primeira semana de janeiro. Espera-se que ao perfazer um ano sobre a primeira medida adotada contra a progressão do Covid (cancelamento de visitas a Lares, em 6 de Março) seja completada a vacinação nos Lares.
O anunciado programa de vacinação em Portugal prevê três fases.
Numa primeira fase serão vacinadas cerca de 950 mil pessoas. O grupo prioritário é o das pessoas com 50 ou mais anos e com patologias associadas, profissionais e residentes em lares e unidades de cuidados continuados, profissionais de saúde que prestem cuidados diretos no âmbito da pandemia e forças de segurança.
Numa segunda fase, será dada prioridade a pessoas com mais de 65 anos sem patologias associadas e pessoas com mais de 50 anos, mas com outras doenças associadas, como diabetes, neoplasias, entre outras, estimando-se que sejam abrangidos cerca de 1,8 milhões de cidadãos.
A terceira fase englobará o resto da população.
De acordo com a ministra da Saúde, haverá 22 milhões de doses disponíveis. A vacinação é universal, gratuita e facultativa. Mas não é previsível que a imunidade de grupo seja alcançada antes do curso do segundo semestre do ano.