Taizé 2021: Saber esperar no tempo favorável e desfavorável, com crentes e ateus

A mensagem da Comunidade de Taizé para o ano 2021.

Na atual situação de pandemia, marcada pelo aumento da precariedade, são precisas «decisões políticas corajosas, mas igualmente essencial são a solidariedade e a amizade social»: este apelo está no centro da mensagem para 2021 do Ir. Alois, prior da comunidade de Taizé, intitulada “Manter a esperança em tempo propício e fora dele».

«Muitos estão prontos a servir os outros, a sua generosidade recorda-nos que a entreajuda abre um caminho para o futuro», e «muitos jovens estão a investir as suas energias na salvaguarda da nossa casa comum, que é o planeta», refere o texto.

Nota-se, em particular, a emergência de «muitas iniciativas que, sem dar todas as respostas à emergência climática, já permitem avançar para estilos de vida mais respeitadores do meio ambiente».

As pessoas tornaram-se mais conscientes das estruturas de injustiça, por vezes herdadas do passado, porque, «infelizmente, o poder nem sempre foi exercido para servir o bem de todos».

Perante esses abusos, «a frustração e a raiva são compreensíveis», observa o responsável da comunidade ecuménica, que interroga: «Quem terá a audácia de ser artesão de justiça e de paz, para lá das clivagens das nossas sociedades?».

Uma das formas concretas de manter a esperança, mesmo quando já não parece ser possível, é a convergência de esforços: «Juntemo-nos a quem tem diferentes opções de vida, a cristãos de outras confissões, a crentes de outras religiões, a agnósticos ou a ateus que também estejam comprometidos com a fraternidade e a partilha».

«A alegria renova-se quando vivemos a fraternidade, quando estamos próximos dos mais necessitados: pessoas sem casa, idosos, doentes ou sós, crianças em dificuldade, pessoas com deficiência, migrantes», aponta.

O religioso considera que «a pandemia revela as fragilidades da nossa humanidade», e depois de recordar que na encíclica “Fratelli tutti” o papa Francisco sublinha que «ninguém se salva sozinho», o Ir. Alois faz votos de que seja feito «todo o possível para passar da competição à cooperação».

A experiência da comunidade de Taizé, que tem recebido centenas de milhares de jovens provenientes de culturas e credos diferentes, e uma infinidade de experiências, anseios, inquietações, demandas e interrogações sem número, impele o responsável a lançar um apelo: «Evitemos reduzir Deus aos nossos próprios conceitos».

«Deus está infinitamente além de tudo o que possamos imaginar. Estamos em busca, sedentos de amor e de verdade. Onde quer que estejamos na nossa peregrinação interior, frequentemente estamos a tatear no nosso caminho. Mas, tornando‐nos “peregrinos de confiança”, é possível caminharmos juntos, partilharmos a nossa procura: as nossas questões e também as nossas convicções», assinala.

É também urgente que cada pessoa e instituições encontrem «um novo horizonte», que se abra para além da violência, dos desastres ambientais e das doenças: «Seremos capazes de o discernir?».

De Cristo entra na existência humana «uma luz», que «uma e outra vez afasta a sombra do medo, faz jorrar uma fonte, e faz brilhar a alegria do louvor».

O texto oferece três sugestões para «promover a fraternidade», a começar pela «escuta mútua que vá ao encontro dos antagonismos» e «ensine a caminhar juntos», mesmo com as «diferenças», porque «a Igreja é chamada a procurar o diálogo, a sair ao encontro de todos». E questiona: «Será que também aqueles que vivem sem referência a uma comunidade cristã estariam dispostos a entrar em diálogo com a Igreja?».

«Acolher um exilado ou uma família», perante «a chegada de tantos migrantes e refugiados», e «ouvir as pessoas mais vulneráveis» completam as propostas.

(inf: Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura)