
No centenário do nascimento do bispo auxiliar do Porto D. Domingos de Pinho Brandão (1920-1988)
Quis o Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição, a que imediatamente se uniu a Diocese do Porto, homenagear D. Domingos de Pinho Brandão, Bispo Auxiliar do Porto, por ocasião do centenário do seu nascimento, ocorrido, em Rossas (Arouca), a 9 de Janeiro de 1920. Assim, no passado dia 26 de Novembro, a partir da Igreja de São Lourenço, dita dos Grilos, decorreu uma, ao mesmo tempo, solene e singela sessão de evocação desta figura da Igreja do século XX e, a par disso, da Educação, tanto através da docência quanto da investigação, e da Cultura, tendo fundado, em Março de 1958, o Museu de Arte Sacra e Arqueologia do Porto, de ora em diante designado Museu de Arte Sacra e Arqueologia D. Domingos de Pinho Brandão. Marcaram presença o Bispo do Porto, D. Manuel Linda, os Bispos Auxiliares, D. Pio Alves, D. Armando Domingues e D. Vitorino Soares, também Reitor do Seminário, a Prof.ª Doutora Fernanda Ribeiro, Directora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e o Prof. Doutor Manuel Joaquim Rocha, docente da mesma Faculdade e antigo colaborador do homenageado. A família, por motivos de força maior, não pôde estar presente.
A iniciativa iniciou com a execução, em órgão, pelo P. Vasco Soeiro, Prefeito do Seminário Maior, de uma peça de Girolamo Frescobaldi. A abrir a sessão, D. Vitorino Soares dirigiu uma palavra de saudação aos presentes e àqueles que, através do Facebook da Diocese, acompanharam o evento, tendo, de seguida, traçado um breve perfil biográfico de Pinho Brandão, qualificando-o como “o pai do Museu”.
A esta palavra introdutória, sucederam-se outras duas peças musicais, desta feita da autoria de Dieterich Buxtehude e de Carl Emanuel Bach. A seguir a mais um apontamento musical, tomou a palavra o Prof. Doutor Manuel Joaquim Rocha que, na sua intervenção, apresentou uma nota biográfica do Prelado e partilhou um testemunho sobre tão distinta figura. O docente universitário caracterizou D. Domingos, Bispo Auxiliar de Leiria e do Porto, como alguém que “derrubou muros” e, numa época tão particular da História de Portugal, “aguentou o confronto de injustiças sociais e pessoais”, sublinhando que “simples é diferente de simplório, porque a verdade é simples”. “Assumiu integralmente as opções que tomou”, numa clara alusão à frontalidade que caracterizou a vida do eclesiástico arouquense e à forte ligação que manteve com D. António Ferreira Gomes (1906-1989), mesmo no exílio. Visto como um homem sem medo, “contornou obstáculos para estar ao lado do bispo e amigo”. Concluindo, Moreira da Rocha falou de um “homem diferente pela vontade férrea de construir, disseminar, limpar e apontar caminhos”.
Antes de se encerrar a sessão, D. Manuel Linda, Bispo do Porto, dirigiu-se aos presentes para salientar aquilo que D. Domingos “foi e representa”, caracterizando-o como “um ministro da Igreja de forma muito zelosa” e como alguém que, como “promotor de criação, investigador e defensor da arte”, soube unir a Igreja à Cultura. A rematar, D. Manuel direcionou breves palavras aos futuros sacerdotes, que se estão a formar no Seminário Maior, pedindo que se habituassem “a promover a verdadeira arte, a estudá-la e a defendê-la”.
Já no momento final da homenagem, D. Vitorino Soares agradeceu a presença dos convidados e daqueles que, mesmo à distância, se uniram a este momento celebrativo, tendo-se passado ao descerramento da placa, por D. Manuel Linda e pela Prof.ª Doutora Fernanda Ribeiro, que assinala a inclusão do nome de D. Domingos de Pinho Brandão na designação oficial do Museu de Arte Sacra e Arqueologia do Seminário Maior do Porto.
(Diogo Ribeiro de Campos)