Bispo do Porto exortou os novos diáconos permanentes a serem uma “carícia de Deus para o mundo”

Fotos: Ana Teresa Pinhal

D. Manuel Linda ordenou dois novos diáconos permanentes e pediu-lhes para não serem “sacerdotes do adro ou da sacristia”. 

Em dia da Solenidade da Imaculada Conceição, 8 de dezembro, foram ordenados dois diáconos permanentes numa celebração presidida pelo bispo do Porto, D. Manuel Linda. Concelebraram os bispos auxiliares D. Pio Alves, D. Armando Domingues e D. Vitorino Soares. A Eucaristia decorreu na Igreja de S. Lourenço (dos Grilos). Foram ordenados Joaquim António Pinheiro, apresentado pela paróquia da Madalena, na Amarante e Rui Manuel Cunha Campos da paróquia do Santíssimo Sacramento, no Porto.

Na sua homilia, o bispo do Porto começou por referir que simbolicamente aquela ordenação diaconal permite atingir o número cem de diáconos permanentes ao serviço da diocese. Número ao qual D. Manuel Linda juntou os dos cinco sacerdotes e oito diáconos em ordem ao sacerdócio ordenados também em neste ano 2020. “Números excecionais” – disse o prelado – que demonstram “que Deus continua a colocar no coração dos seus amigos a semente da vocação ao ministério ordenado e que muitos, generosos e desprendidos, respondem positivamente ao seu convite para com Ele colaborarem no mistério da salvação” – afirmou.

Para D. Manuel Linda “o ministério ordenado é sempre uma carícia que Deus faz ao seu povo para o servir, para o guiar, para transformar em canto festivo o cansaço que, por vezes, se experimenta na longa caminhada pelas vias estreitas da salvação”.

O bispo do Porto assinalou que desde os “primórdios da humanidade” existe “um plano de Deus” de “plenitude” e “felicidade”, mas “a humanidade teima em seguir pelas vias de uma autonomia de costas voltadas para o Criador” – frisou.

“Frente a uma humanidade que se pretende constituir como único juiz do bem e do mal e, desse modo, seguir por um caminho contrário ao que se lhe tinha indicado, na sua misericórdia, Deus não desiste de fazer ver à pessoa que é no seu amor que encontramos o amor, que é na liberdade com que nos trata que encontramos a liberdade, que a obediência ao seu plano garante a felicidade que buscamos, que somente nos descobrimos como fraternidade de irmãos quando fizermos d’Ele o centro de tudo e de todos, que só n’Ele obtemos asas para ultrapassar os abismos profundos da dor, do sofrimento e da morte” – declarou o bispo do Porto.

O “plano de salvação” de Deus para a humanidade – sublinhou D. Manuel Linda –  revela-se no “envio de um Salvador, o seu próprio Filho, Jesus Cristo, e a eleição d’Aquela que o trará ao mundo”, Maria, Sua Mãe.

Desta forma, “a Imaculada Conceição coloca-se como metáfora e modelo desta humanidade que se deixa cativar pelo seu Senhor. Por isso, ela é imagem da Igreja por meio da qual a salvação chega aos confins da humanidade. Podemos, então, cantar um cântico novo, pois o Senhor fez maravilhas, como garantia o salmo responsorial. E devemos ressaltar o contributo singular de Maria de Nazaré para esta história da salvação: ela é a verdadeiramente “cheia de graça”, Aquela que está com Deus e com quem Deus está, enfim, a “bendita entre todas as mulheres”. E tudo isto porque Deus a cumulou das suas graças e a introduziu no mistério da salvação, obtendo d’Ela livre e total correspondência” – afirmou o bispo do Porto.

Assinalando as dimensões da “vida familiar, profissional, social e até política” dos homens casados que se ordenam diáconos para servirem a Igreja, D. Manuel Linda, falando diretamente para os novos diáconos permanentes, recordou-lhes o essencial desta nova missão:

“A Igreja pede-vos para permanecerdes no mundo e iluminar as suas realidades com a luz do Evangelho. Isto é que constitui a grande razão de ser do Diaconado Permanente. Sede, então, a tal carícia de Deus para o mundo, esforçando-vos por compreender as suas aspirações, fomentando e incentivando metas de felicidade, orientando-o com a Palavra da Salvação transmitida de forma simpática e convincente, servindo-o e derramando sobre as suas feridas o óleo da consolação e da cura e, de forma geral, atuando em plena sintonia de unidade com a Igreja e de acordo com o que esta vos pedir” – disse D. Manuel Linda.

No final da sua homilia, o bispo do Porto pediu aos novos diáconos permanentes para não serem “sacerdotes do adro ou da sacristia” e motivou-os a darem “testemunho de uma sã autonomia das realidades terrenas”. “Nós precisamos de aprender de vós a linguagem que o mundo fala, os conceitos que o movem, as aspirações que o motivam” – concluiu.

RS