A pandemia não é um castigo divino

Por Joaquim Armindo

Os “castigos divinos” não existem, nem a pandemia COVID -19 é qualquer castigo divino. Aliás, como poderia um Ser Divino que é Amor e Pai, negar o bem-estar a todos e a todas os seus filhos e filhas: nunca poderia acontecer. D. José Ornelas, sobre este assunto, em entrevista concedida ao jornal 7Margens, refere isso: “Castigo é alguém dizer que ela [a pandemia] é um castigo divino… Deus não é assim. Vivemos num mundo magnífico, mas não perfeito. Vão acontecer terremotos, guerras… O problema maior são os males que nós causamos. Tenho de me confrontar com uma sociedade e com um mundo do qual faz parte tudo isso. (…) não sou inconsciente: gosto de viver, gosto de ajudar a viver e de ver a vida à minha volta. Para isso, fazemos os sacrifícios que forem necessários e vamos criar as condições de Esperança, lutando para ultrapassarmos esta crise, para que todos possam viver com gosto. E vamos ultrapassá-la!”.

É com esta certeza que o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, e bispo de Setúbal, nos frutifica a todos, numa onda de Esperança, que Deus está connosco e bem metido na história, sofre e rejubila com cada um e cada uma. Por isso mesmo, D. José Ornelas, defende que no momento atual a “missão” da Igreja é fundamental, e mais que ficar à espera que as pessoas a procurem, deve ser a Igreja a “sair”, até porque a Igreja não exclui ninguém, mas “a Igreja tem de ser um fator de inclusão” e ultrapassar quaisquer barreiras, que a impeçam de “estar com”, o que significa viver com todas as pessoas.

Defendendo o sentido do bispo de Roma, papa Francisco, D. José, afirma que “criar uma nova ecologia integral”, não passa só por desenvolver uma “economia real”, da qual “a finança” descolou, mas de “nós queremos salvar este planeta, a sociedade e oferecer uma vida com dignidade para todos, com uma cultura económica diferente.”

Referindo a “Laudato Si`”, mostra-nos “a urgência de estarmos presentes e sermos parte neste debate que a humanidade traz consigo. E participar no debate a partir de uma espiritualidade que tradicionalmente andava divorciada destes temas. Hoje já não pode ser assim. Não há verdadeira espiritualidade cristã sem essa consciência da globalidade do mundo em que vivemos.”

Um bispo missionário, presidente da CEP, que partilha a Esperança e a Fé, do seu antecessor bispo de Setúbal D. Manuel Martins.