A minha paróquia na pandemia: Santo António de Corim

Testemunhos para resistir ao coronavírus. 

A minha paróquia, como tantas outras, tem pessoas muito especiais que, em tempos de adversidade, arregaçaram as mangas e dinamizaram uma vivência espiritual diferente. Após a decisão de confinamento, em poucas semanas tínhamos a Eucaristia Dominical transmitida online; os catequistas tinham recomeçado as sessões de catequese online, o Agrupamento de Escuteiros e o Grupo de Jovens mantinham os seus encontros também online e até a Comissão de Apoio ao Peregrino proporcionou uma forma segura de os peregrinos “fazerem caminho” até à Mãe Maria.

Aliás, o mês de Maria é vivido intensamente na Paróquia de Corim, por isso não poderíamos deixar de o celebrar. Foi inspirador ter tantas pessoas ligadas à distância a assistir à transmissão do Terço no Santuário de Fátima através da página da nossa paróquia, sempre com direito a uma mensagem especial do Padre Godofredo. Esta situação pandémica também criou a oportunidade de alguns paroquianos se juntarem informalmente para rezar o terço juntos através da plataforma Zoom. E não poderíamos ter encerrado o mês de Maio de melhor maneira senão com a visita de Nossa Senhora às ruas de toda a paróquia, na tentativa de substituir a Procissão de Velas que tem lugar anualmente. Em tempos de isolamento, em que o medo pode prevalecer, é confortável sentirmos que há coisas que não mudam e que há um espaço onde nos podemos reunir em segurança em nome Dele, ainda que seja através dos nossos ecrãs.

O nosso pároco tem 81 anos, mas adaptou-se rapidamente a esta nova realidade e fez-se próximo da comunidade, através de mensagens em vídeo e da transmissão das Eucaristias nas redes sociais. A recetividade não poderia ter sido melhor, havendo imensas interações online, inclusivamente através de comentários de pessoas que já tinham sido paroquianos, que conheciam o pároco e relembravam momentos vividos na paróquia. As redes sociais, se utilizadas da maneira certa, têm este dom extraordinário de unir à distância e de fomentar o sentimento de pertença a algo que é maior do que nós mesmos. Até poderão trazer alguma limitação ao acesso por parte das pessoas mais velhas, mas já imaginaram a ternura de um neto a ensinar à avó como é que pode ver à distância o seu pároco a celebrar a Eucaristia?

Voltámos a nova normalidade durante uns meses e agora estamos a viver um novo estado de emergência e na iminência de um novo confinamento. Famílias em todas as paróquias passarão por dificuldades… Financeiras, emocionais e espirituais. É urgente que, mais do que nunca, sejamos comunidade. É urgente que, mais do que nunca, saibamos criar pontes e sermos casa uns dos outros. É urgente que criemos oportunidades e espaços para que todos se sintam seguros e acolhidos. Estamos prestes a iniciar a caminhada do Advento, que este ano será vivida na Diocese do Porto sob o mote “Todos irmãos, todos de casa” – e não me ocorre melhor propósito de vivência em comunidade. Avizinham-se tempos desafiantes para todos os cristãos: que o Pai nos ajude a sermos testemunho vivo da Sua mensagem de Amor.

Ana Gonçalves, animadora do Grupo de Jovens (À)Toa