Por João Alves Dias
Hoje, apresento-vos o livro Zona Pastoral Ribeirinha -Cidade do Porto – Projeto de uma pastoral de conjunto”, escrito pelo P. Agostinho Jardim Moreira. Mais uma preciosa fonte documental para o conhecimento da Igreja do Porto no pós-Vaticano II.
A inspiração deste projeto inovador partiu de D. António Ferreira Gomes que, em novembro de 1969, “comunicou a sua vontade de que na zona ribeirinha se fizesse uma Pastoral de Conjunto, pelo que considerava necessário que as paróquias da Sé, Vitória, S. Nicolau e Miragaia, com as reitorias e capelanias compreendidas na área geográfica das referidas paróquias, se constituíssem em Zona Pastoral Ribeirinha”.
Logo foi eleita a “Comissão Central de Reflexão” que, em 27/1/1970, apresentou o “Resumo do seu trabalho com os seguintes parâmetros:
. Constitua-se uma «Equipa Pastoral de Zona» que reúna, ao menos, uma vez por semana. Esta Equipa, com a colaboração dos leigos, defina um plano pastoral, um plano de ação social e serviço da caridade.
. Organize-se um Curso de pastoral para os sacerdotes da zona e uma Escola de Militantes.
. Organize-se um Centro Zonal de preparação de Noivos para o casamento; e um Centro zonal de preparação dos pais para o Batismo.
. A Equipa Sacerdotal central prepare os esquemas de homilias, e as equipas subzonais de sacerdotes reúnam-se semanalmente para as adaptar e concretizar.
. Incremente-se os contactos dos Pastores com os cristãos; Organizem-se grupos de base, de evangelização e oração para praticantes, e de encaminhamento para a Fé.
. Que a continuidade da Reflexão e Ação pastoral seja particularmente garantida através da plena associação do laicado da zona a esse mesmo trabalho.
Para concretizar estes objetivos, foram eleitas comissões «para a Evangelização» e «para a Ação Social».
A primeira realizou, durante dois dias, na Páscoa, um curso de pastoral para os sacerdotes da Zona, com o tema “Teologia da Igreja e suas implicações pastorais” e outro, na Páscoa de 1971,sobre a urgência da catequese de adultos na zona. Elaborou esquemas de pregação para a devoção do “mês de maio” de 1970. Organizou três centros de preparação de homilias para todos os sacerdotes da Zona.
A segunda fez um “levantamento das principais necessidades humano-sociais da zona e do armamento social existente”. E refletiu “sobre a resposta concreta que convinha dar a esta situação e a interpelação que esta situação lançava à Igreja desta zona”. Com todos estes dados, elaborou as «bases da Comissão Pastoral Ribeirinha para a Justiça Social» que, depois de discutidas e aprovadas foram enviadas, em 05/07/1979, ao Senhor Bispo, com requerimento para aprovação.
Foi o início dum trabalho sinodal digno de louvor e estudo.
Esclarecido no pensar, perseverante no agir, afável no trato, o pároco de S. Nicolau merece parabéns por mais este serviço. Preservou e divulgou um valioso acervo que testemunha uma época de grande empenho pastoral na Igreja do Porto. Sente-se nele o palpitar do Vaticano II. Como dizia São João XXIII, “sem uma pitada de loucura, a Igreja não cresce”.