
Por Joaquim Armindo
Extraordinariamente agradável verificar que pessoas de todo o planeta analisar uma alternativa à economia neoliberalista, destruidora da cultura, do ambiente, da coesão social e da espiritualidade, nesta magnifica iniciativa do bispo de Roma, o papa Francisco. Escutei muitas opiniões, de todo o mundo e portugueses. Um tempo de reflexão sobre os modelos económicos que nos têm sufocado, à espera de uma economia que tenha por eixo Francisco de Assis e o seu belo, ambiental e cultural “Cântico das Criaturas”. Francisco de Assis sustenta a sua “economia”, sendo de classe distinta e tendo um horror à lepra, quando ia a cavalgar e vê um leproso cheio de frio, então chora, e desce do cavalo, tira o seu manto e cobre o leproso, beijando-o. Nesta figura que descreve a seu amor a todas as criaturas vivas e é capaz de não fazer uma “obra de caridade” – ao encontrar o leproso -, mas assentar, com lucidez, a sua ecologia económica. Um diálogo espiritual que lança, quando encontra o leproso e inaugura uma nova forma de estar e ser com os marginalizados, a economia ao serviço das populações. Nestes encontros sobre a “Economia de Francesco” tive, também, a sensação de ela não ter nenhum contributo, dos mais explorados e marginalizados, sobre “economia” – que eu tivesse verificado -, e era importante.
Uma vez, conta-nos o evangelista, Jesus expôs as suas opiniões perante uma numerosa multidão, ao que se sabe 5 000 homens (as mulheres e crianças, não contavam), e no fim, de tanto tempo, as pessoas tinham fome, o que é natural, então Jesus mandou os seus seguidores dar-lhes de comer, só que dinheiro não havia. Apareceu um jovenzinho que disse que tinha uns pães e uns peixes, Jesus pegou neles, deu graças a Deus, e multiplicou os pães e os peixes, dando no fim para recolher doze cestos de sobras. Alguns biblistas interpretam o que se passou: naqueles tempos, ninguém saía de casa, numa longa viagem em tempo e espaço, sem levar alguma coisa para comer. O milagre de Jesus está nisto: verificando a situação, moveu um jovem, e, após isso, fez que todos colocassem em cima da mesa o que possuíam, que era muito mais do que precisavam.
Escutando os jovens que hoje, em todo o mundo, se movem, para um outro tipo de economia, fica-nos esta mensagem que isso é possível. Não só pela capa de Francisco de Assis e o beijo ao leproso, mas é possível alimentar a humanidade, se todos compreenderem o gesto de Jesus, que inaugurou – ainda para o hoje -, uma nova forma de ecologia económica.