A minha paróquia na pandemia: São Mamede de Perafita

Testemunhos para resistir ao coronavírus.

Voz Portucalense inicia aqui um espaço de partilha de experiências de vida nas paróquias em tempo de pandemia. Começamos pela Paróquia de São Mamede de Perafita, na Vigararia de Matosinhos.

Perafita sempre foi uma paróquia enérgica e dinâmica. Mas, em março de 2020, tudo parou. Fecharam-se as portas da Igreja sem data prevista para reabertura. Durante vários dias, permanecemos em silêncio. E foi assim que sentimos que o futuro estava nas nossas mãos!

A Igreja não podia simplesmente parar, cruzar os braços e esperar que a pandemia desaparecesse. Estava na hora de renovar, de arriscar. Era hora de sair do sofá, calçar as sapatilhas e de fazer caminho, mesmo sem sair do lugar. Foi então que trocamos a sala de catequese por reuniões no Zoom, a Eucaristia na nossa Igreja por celebrações online no Facebook da paróquia, nas quais a fé e a esperança de nos vermos novamente eram constantemente renovados e manifestados. Foi também neste contexto que algumas senhoras decidiram tornar a nossa Páscoa mais bela, adornando a nossa Igreja e o adro com os seus maravilhosos trabalhos em crochê, que foram novamente utilizados posteriormente na festa do nosso Padroeiro.

Efetivamente, a porta da Igreja esteve fechada durante longos meses, mas apenas fisicamente. Foi aqui que a Igreja doméstica ganhou uma enorme importância e nos fez caminhar ainda mais unidos, sempre com o mesmo objetivo: a busca da fé e do amor de Cristo. A Igreja nunca abandona os seus, e, por isso, os mais necessitados continuaram a ser acolhidos pelos Vicentinos, com o apoio dos Escuteiros. Também o nosso Grupo de Jovens se manteve atento às necessidades da sua e de outras paróquias.

Em maio, a porta física voltou a abrir-se. Ainda que de máscara no rosto e de desinfetante na mão, regressamos com grande alegria à casa do Pai. Com a ajuda de vários voluntários, voltamos a rezar e a celebrar, juntos, cumprindo todas as regras impostas pela DGS. Temos plena noção de que muitas pessoas perderam a fé no meio desta pandemia, mas continuamos atentos para que um dia voltem para celebrarmos juntos a nossa Fé. Aos poucos, vamo-nos adaptando ao novo normal. Afinal de contas, somos “Todos família, todos irmãos”.

(Rafael Soares, Grupo de Jovens Mãos de Deus, Paróquia de São Mamede de Perafita)