Na pandemia que vivemos, igrejas abertas ou fechadas?

Por Joaquim Armindo

Estamos a viver, no nosso país, tempos desesperados. A história conta-nos que epidemias têm existido, como as do Porto, por exemplo, e como soubemos superar essas trágicas situações. Embora esta seja uma pandemia – diferente do que é uma epidemia -, existem as mesmas situações de grandes dificuldades para as pessoas, que gostam de ver os olhos das outras pessoas. Olhos reais e não virtuais. Os distanciamentos, as situações de prevenção e segurança, os planos de emergência e contingência e as respetivas autorizações das autoridades competentes, são a necessária posição que a Igreja tem o dever de seguir. E tem seguido, na sua generalidade. Estamos a falar sobre a defesa da saúde de cada um e dos outros, com quem nos cruzamos. A violência do confinamento, se, por um lado, nos protege mais do vírus, por outro, desencadeia uma série de preocupações no âmbito da saúde na sua generalidade, da nossa cultura, da nossa sociabilidade – além das preocupações económicas -, e, também, das nossas espiritualidades, sejam elas quaisquer que forem.

A Igreja cristã, de todas as tradições, e as outras não cristãs, estão perante um desafio que, para nós, é único. Aquilo que bem sabemos, para estar com as pessoas, e, principalmente, os mais marginalizados e sofredores é a sociabilidade que imprimimos nas pessoas, a assunção cultural e os bens espirituais. O nosso Portugal é um país de forte tradição religiosa e nos piores momentos nela se refugia. Não sendo propriamente um “refúgio”, a espiritualidade, que conduz a uma sociabilidade criativa e cultural, nesta denominada segunda vaga do COVID -19, não será por demais a nossa atuação Viva de Esperança e Fé. É nos contactos criativos que poderemos encontrar a realização social que é o homem e a mulher. Não contam só a nossa presença nos funerais e o aconchego mais próximo, com aqueles que mais sofrem, num momento determinado, é preciso cuidar dos vivos.

Se todas as Igrejas se mantiverem de “portas abertas” durante este período, para acolher tantos e tantas que necessitam de se sentar nos bancos dos templos e de fazer as suas “queixas” a Deus, estamos já a contribuir para uma sociabilização e se, no meio de quantos lá estiverem, alguém do clero animar uma oração coletiva, a partir da Palavra de Deus, daremos mais ânimo às pessoas que dele precisam. Pois, que, apesar das regras de saúde, os Templos se mantenham abertos!