Domingo XXXIII do Tempo Comum

Foto: João Lopes Cardoso

15 de Novembro de 2020

 

Indicação das leituras

Leitura do Livro dos Provérbios                                                 Prov 31,10-13.19-20.30-31

«Abre as mãos ao pobre e estende os braços ao indigente».

 

Salmo Responsorial                                            Salmo 127

Ditoso o que segue o caminho do Senhor.

 

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses        1 Tes 5,1-6

«Não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios».

 

Aclamação ao Evangelho           Jo 15,4a.5b

Aleluia.

Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós, diz o Senhor.

Quem permanece em Mim dá fruto abundante.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus                         Mt 25,14-30

«Um homem, ao partir de viagem, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens».

«Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes».

«A todo aquele que tem, dar-se-á mais e terá em abundância».

 

Viver a Palavra

A Liturgia da Palavra de hoje é o convite a vivermos com alegria, entusiasmo e compromisso cada dia da nossa vida, aproveitando cada dia, cada momento, cada tempo como uma oportunidade única e irrepetível de fazer do mundo um lugar melhor e mais feliz. Por isso, recordo as palavras do papa Bento XVI, em Portugal, quando reunido no CCB, dizia aos artistas: «Fazei coisas belas, mas sobretudo, fazei das vossas vidas lugares de beleza». A vida é um dos mais belos e mais preciosos dons que Deus colocou em nossas mãos e somos convidados a fazer dela a mais bela obra-prima do amor, na construção de um mundo melhor.

O Evangelho conta-nos a parábola de «um homem, [que] ao partir de viagem, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens». O nosso Deus, quando entrou na grande aventura da criação do mundo, na Sua infinita sabedoria criou o homem e a mulher e dotou-os de dons, qualidades e virtudes. Todos os dons, bons e belos, todos os bens criados foram confiados por Deus a cada homem e a cada mulher. Por isso, o evangelho deste Domingo recorda-nos que também cada um de nós é um administrador, um fiel depositário do amor e da graça que Deus abundantemente derrama sobre nós.

A cada um Deus confiou não só os bens da criação, mas a cada um dotou de tantos dons, qualidades e graças que somos chamados a fazer render, germinar e crescer, pois Deus derrama o Seu amor sobre nós em abundância. Sinal desta abundância é a quantia confiada a cada servo na parábola. O talento era uma unidade de medida de cerca de 60Kg. A supor que o que este senhor confiou a cada servo foram talentos de ouro, imaginemos quanto não valia o que foi depositado nas mãos de cada servo, a um 300kg, a outro 120kg e a outro 60kg.

O Deus de Jesus Cristo é o Deus generoso que derrama em abundância os seus dons e confia-nos tantos dons e qualidades, sobretudo o dom do seu amor e a sua paz. Aceitemos o desafio de Jesus e não deixemos que o comodismo nos deixe instalados e a viver daquilo que nos foi dado sem o fazer render e crescer.

Verificamos que na parábola do Evangelho não foi confiado o mesmo a cada um, nem cada um fez render os seus talentos do mesmo modo. Na verdade, todos somos diferentes e a todos Deus confia dons e qualidades diferentes. Mas não deixemos o medo apoderar-se de nós. Não deixemos as falsas imagens de Deus assombrarem a nossa vida, tal como o terceiro servo desta parábola: «Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e recolhes onde nada lançaste. Por isso, tive medo e escondi o teu talento na terra». Este homem tinha uma imagem desfigurada do seu senhor e também nós, tantas vezes, temos uma imagem errada e desfigurada de Deus: um Deus mau e castigador que não nos acolhe e que nos impede de ser verdadeiramente felizes.

Como afirmou Atenágoras de Constantinopla: «hoje não tenho medo de nada, porque o amor afasta todo o temor. Eis porque não tenho medo: se o Espírito Santo nos dá a graça de nos abrimos ao Deus que faz novas todas as coisas, Ele apaga o nosso bruto passado e abre diante de nós um tempo absolutamente novo, no qual tudo é verdadeiramente possível».

 

Homiliário patrístico

Dos Tratados de São Cromácio, bispo, sobre o Evangelho de São Mateus (Séc. IV)

O Senhor é o Sol de justiça; é com toda a razão, portanto, que chama aos seus discípulos luz do mundo, porque é por meio deles que irradia sobre o mundo inteiro a luz da sua própria ciência; com efeito, eles afugentaram do coração dos homens as trevas do erro, manifestando a luz da verdade. Iluminados por eles, também nós passámos das trevas à luz, como diz o Apóstolo: Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; vivei como filhos da luz. E noutro passo: Não sois filhos da noite nem das trevas, mas sois filhos da luz e filhos do dia.

Com razão diz também São João numa sua Epístola: Deus é luz; e quem permanece em Deus está na luz, como também Ele próprio está na luz. Portanto, uma vez que temos a felicidade de estar libertos das trevas do erro, devemos andar sempre na luz, como filhos da luz que somos. Por isso diz o Apóstolo: Vós brilhais entre eles como estrelas no mundo, ostentando a palavra da vida.

Se assim não fizermos, ocultaremos e obscureceremos com o véu da nossa infidelidade, para prejuízo tanto nosso como dos outros, uma luz tão útil e necessária. Eis a razão porque incorreu em castigo aquele servo que, recebendo o talento para o fazer dar juros no Céu, preferiu escondê-lo a colocá-lo no banco.

Por conseguinte, aquela lâmpada resplandecente, que foi acesa para nossa salvação, deve brilhar sempre em nós. Temos a lâmpada dos mandamentos de Deus e da graça espiritual, da qual afirmou David: O vosso mandamento é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos. E dela disse também Salomão: O preceito da lei é uma lâmpada.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. No dia 15 de Novembro, Domingo XXXIII do Tempo Comum, celebra-se o IV Dia Mundial dos Pobres. Para este ano, o Santo Padre escreveu uma mensagem com um título retirado do livro do Ben-Sirá: «Estende a tua mão ao pobre» (Sir 7, 32). Além da divulgação do conteúdo e texto desta mensagem, este Domingo é uma ocasião privilegiada para recordar o nosso compromisso cristão com os mais desfavorecidos e indigentes. Pode dar-se a conhecer os diversos grupos e movimentos paroquiais que trabalham ao serviço dos mais pobres, mas sem esquecer que a caridade não é uma tarefa de alguns ou apenas de um grupo, mas de toda a comunidade: «A comunidade cristã é chamada a co-envolver-se nesta experiência de partilha, ciente de que não é lícito delegá-la a outros» (Papa Francisco, Mensagem para o IV Dia Mundial dos Pobres).

 

  1. Para os leitores: a primeira leitura abre com uma interrogação que deve ser bem entoada porque ela introduz todo o texto. Seguem-se frases curtas que devem ser lidas pausadamente e bem encadeadas para marcar o ritmo do texto. Na segunda leitura, deve haver um especial cuidado na leitura da expressão «Paz e segurança». Deve haver cuidado na pausa que intercala a forma verbal «disserem» e esta expressão para que se introduza o texto que vem a seguir e não como quem conclui a frase.

 

Sugestões de cânticos

Entrada: Senhor, trazei-nos a paz – Az. Oliveira (CN 916); Salmo Responsorial: Ditoso o que segue o caminho do Senhor (Sl 127) – M. Luís (SRML, p. 168-169); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Permanecei em Mim… – A. Cartageno (CN 58); Ofertório: Servo bom e fiel – A. Oliveira (CN 931); Comunhão: Tudo o que pedirdes na oração – C. Silva (CN 976); Pós-Comunhão: Os justos viverão eternamente – M. Faria (CN 775); Final: Louvai o Senhor, louvai – J. Santos (CN 591).