Domingo XXXII do Tempo Comum

8 de Novembro de 2020

 

Indicação das leituras

Leitura do Livro da Sabedoria                                                                            Sab 6,12-16

«A Sabedoria é luminosa e o seu brilho é inalterável; deixa-se ver facilmente àqueles que a amam e faz-se encontrar aos que a procuram.».

 

Salmo Responsorial                                            Salmo 62 (63)

A minha alma tem sede de Vós, meu Deus.

 

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses        1 Tes 4,13-18

«Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido.».

 

Aclamação ao Evangelho           Mt 24,42a.44

Aleluia.

Vigiai e estai preparados,

porque, na hora em que não pensais,

virá o Filho do homem.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus                         Mt 25,1-13

«O reino dos Céus pode comparar-se a dez virgens, que, tomando as suas lâmpadas, foram ao encontro do esposo».

«Vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora».

 

Viver a Palavra

Somos homens e mulheres que se deixam fascinar por Jesus, o Pregador da Galileia, o Rosto misericordioso do Pai que nos convida a olhar a vida como um tempo de espera vigilante e confiante porque Ele é o Senhor do Tempo e da História, porque a Sua vida rasga para nós horizontes de esperança e nos oferece um horizonte de realização e felicidade que só Ele nos pode oferecer.

O cristão vive nesta atitude de espera permanente, como sentinela vigilante porque o Senhor veio, vem e virá. Queremos estar vigilantes para acolher Aquele que é a Sabedoria do Pai e que «se deixa ver facilmente àqueles que a amam e faz-se encontrar aos que a procuram». Jesus, a Sabedoria do Pai, é a Ressurreição e a vida, como nos recorda S. Paulo. O Ressuscitado vivo e glorioso, actuante e presente na história e na vida da humanidade é horizonte de esperança mesmo diante do limite maior da nossa existência. Pela Sua morte e ressurreição a morte torna-se porta para a vida, o rebentar das águas para uma vida em plenitude.

É este Jesus que nós queremos esperar vigilantes, com lâmpadas acesas e com as almotolias cheias de azeite, como homens e mulheres que vivem com o coração disponível para acolher a luz que brota do coração de Deus. Esta arte de viver a esperança tem como segredo deixar-se fascinar, moldar e transformar por Aquele que esperamos em cada dia e que não vem atrasado, mas que no amor nos antecipa e, por isso, nos amou primeiro para que, com Ele e como Ele, aprendamos a amar aqueles que se encontram connosco na estrada da vida.

«Senhor, senhor, abre-nos a porta!», assim gritam aquelas virgens que não estavam preparadas e que tendo ido comprar azeite voltaram quando a porta estava já fechada. Ouve-se lá de dentro a resposta: «em verdade vos digo: Não vos conheço». Para mim, sempre me pareceu muito duro este diálogo. Como pode, Aquele Jesus de Nazaré que afirmou em alta voz ser a «Porta das Ovelhas», «caminho, verdade e vida», «Pastor que vai ao encontro da ovelha perdida» ser este esposo que apenas responde: «não vos conheço»?

Onde está o misericordioso Mestre da Galileia que vive de porta aberta para acolher a todos e que como Bom Pastor conhece cada ovelha pelo nome? Jesus, manso e humilde de coração, propõe uma radicalidade de vida que nos provoca e desinstala. Desafia-nos a entrar dentro do nosso coração, a mergulhar no mais íntimo de nós e a responder à pergunta que o Papa Francisco deixava meditando este texto evangélico: «um dia será o último. E se fosse hoje, como estaria preparado?».

Esta pergunta é para mim e para ti, mas importa responder a esta pergunta com um coração cheio de confiança e esperança, de quem se sabe frágil, pequeno e pecador e, por isso, totalmente entregue nas mãos de Deus, nas mãos Daquele que nos chama da morte à vida, da mentira à verdade, do desespero à esperança. A nossa confiança e esperança não são uma mera alienação ou uma projecção dos nossos sonhos ou desejos mais íntimos, mas têm a consistência de um Rosto, o Rosto misericordioso de Cristo, que nos sustenta no Seu amor e que enche as nossas lâmpadas tantas vezes apagadas e adormecidas. Por isso, queremos cantar e proclamar que só em Jesus encontramos a força necessária para percorrer com esperança o caminho certo: «A minha alma tem sede de Vós, meu Deus».

 

Homiliário patrístico

Do Tratado de São Cipriano, bispo e mártir,

sobre o estado de virgindade (Séc. III)

 

Dirijo-me agora às virgens e faço-o com tanto maior solicitude quanto maior é a sua dignidade. A virgindade é a flor produzida pela árvore da Igreja, beleza e ornamento da graça do Espírito, alegria da vida, objecto perfeito e incorruptível de louvor e honra, reflexo da santidade do Senhor, a porção mais ilustre do rebanho de Cristo.

Por causa das virgens se alegra, e nelas se manifesta exuberantemente, a gloriosa fecundidade da Igreja Mãe, e quanto mais abundante se torna o número das virgens, mais aumenta a alegria dessa mãe. A elas nos dirigimos; a elas exortamos mais com o afecto do que com a autoridade do nosso cargo. E bem conscientes da nossa pequenez e humildade, não pretendemos arvorar-nos em censor de faltas, mas sim mostrar a solicitude de pastor e prevenir contra as possíveis ciladas do demónio.

Não é inútil esta precaução nem é vão o temor que ajuda no caminho da salvação e defende as directrizes de vida que nos vêm do Senhor. Consagraram-se a Cristo renunciando aos prazeres da vida matrimonial, entregaram-se a Deus de corpo e alma. E levando a feliz termo o seu propósito, alcançarão o grande prémio que lhes está reservado.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. Este ano, nas actuais contingências devidas à pandemia da “Covid-19”, as Indulgências Plenárias para os fiéis defuntos serão prorrogadas para todo o mês de Novembro. Por mandato especial do Papa Francisco, a Penitenciaria Apostólica que a Indulgência Plenária para aqueles que visitam um cemitério e rezam pelos defuntos, ainda que apenas mentalmente, normalmente estabelecida apenas de 1° a 8 de Novembro, pode ser transferida para outros dias do mesmo mês até seu término. A Indulgência Plenária de 2 de Novembro, estabelecida por ocasião da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos para aqueles que visitam piedosamente uma igreja ou um oratório e ali rezam o “Pai-Nosso” e o “Credo”, pode ser transferida não apenas para o domingo precedente ou seguinte ou para o dia da Solenidade de Todos os Santos, mas também para outro dia do mês de Novembro, à livre escolha de cada fiel. Os idosos, os doentes e todos aqueles que por motivos graves não podem sair de casa poderão obter a Indulgência Plenária desde que, unindo-se espiritualmente a todos os outros fiéis, com a intenção de cumprir o mais rápido possível as três condições habituais (confissão sacramental, Comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Santo Padre), rezem orações piedosas pelos falecidos diante de uma imagem de Jesus ou da Bem-aventurada Virgem Maria

 

  1. Para os leitores: a primeira leitura deve ser marcada por um tom alegre e exortativo, convidando à procura e acolhimento do dom da sabedoria. A segunda leitura requer uma acurada preparação nas pausas, respirações e ritmo da leitura para uma correcta e articulada proclamação do texto.

 

Sugestões de cânticos

Entrada: Chegue até vós, Senhor – F. Santos (CN 295); Salmo Responsorial: A minha alma tem sede de Vós, meu Deus (Sl 62) – A. Cartageno (XXXIV ENPL, p. 19| CPE, p. 119); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Vigiai e estai preparados – A. Cartageno (CN 49); Ofertório: Estai preparados – F. Santos (CN 428); Comunhão: Chegou o esposo – A. Cartageno (ENP 35, p. 76); Pós-Comunhão: Aí vem o esposo – F. Santos (LHC1, p. 189); Final: Estai preparados – V. Pereira (CN 427).