
No sábado 24 de outubro reuniu o Conselho Diocesano de Pastoral (CDP). Pela primeira vez e devido à pandemia que vivemos, a reunião foi realizada através duma plataforma online.
Após a oração inicial, D. Manuel Linda agradeceu a presença de todos e insistiu na liberdade de opinião dos conselheiros. De seguida, o Pe. Sérgio Leal procedeu à apresentação do novo Diretório para a Catequese, publicado em junho passado. Começou por referir que se trata duma oportunidade a não desperdiçar de pensar e repensar a catequese e o seu lugar essencial na evangelização, discernindo o que a Igreja deve fazer aqui e agora, já que o Diretório apresenta apenas linhas orientadoras que é necessário aplicar a cada realidade concreta, com olhar positivo, mas realista.
Este Diretório surge num horizonte da nova evangelização e alicerça-se numa dinâmica sinodal e, ao contrário dos anteriores, emana do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização. Não surpreende por isso que o Diretório reflita a abrangência da missão catequética, integrando-a na dimensão missionária que caracteriza a vida da Igreja e salientando que aos novos tempos que vivemos tem de responder a permanente novidade do Evangelho. A cultura digital e a globalização da cultura são identificados como desafios novos e fundamentais, pois traduzem uma transformação antropológica que urge ter em conta.
O documento apresenta três partes: uma dedicada à catequese na missão evangelizadora da Igreja, outra ao processo catequético e a terceira sobre a catequese nas igrejas particulares. Tem como principais novidades o situar a catequese no âmbito da evangelização e insistir em várias categorias queridas ao Papa Francisco: alegria do evangelho, igreja em saída, hospital de campanha, igreja acidentada, opção missionária. Reconhece que estamos em plena mudança de época, que faz os cristãos voltar ao essencial, pois não há já lugar para um cristianismo por convenção, mas sim por convicção.
Como princípios fundamentais orientadores do Diretório, o Pe. Sérgio Leal apontou: a opção missionária fundamental, no horizonte da evangelização e do processo catequético; o primado da graça e do Espírito, que é o protagonista da missão; o papel fundamental do primeiro anúncio, não em sentido cronológico, mas do primado do amor; o habitar o sentido do humano, indo ao encontro de cada um e de todos os homens nas suas situações concretas; a comunidade como sujeito da catequese, significando que esta é missão de todos, pois só uma comunidade credível no seu testemunho desperta outros para a fé; a responsabilidade do catequista enquanto testemunha da fé, guardião da memória de Deus, mestre e mistagogo, acompanhante e educador; uma catequese catecumenal e mistagógica, que ajuda a viver os sacramentos e não é apenas um conjunto de passos para lhes aceder; catequese integrada na cultura digital e suas consequentes transformações culturais, chamando os catequizandos a ser protagonistas e não apenas destinatários; recusa do modelo escolar, fazendo da catequese um processo transformativo do caminho de Emaús que passa pelo aproximar-se, escutar, compreender, oferecer uma nova experiência e suscitar a mudança.
O Pe. Sérgio Leal concluiu referindo os bispos italianos que, a partir de Atos 11 – que relata a reflexão sobre como levar o Evangelho a novas terras e gentes – propõem quatro atitudes para a catequese: escuta, coragem de anunciar, tempo do Espírito, discernimento pastoral e evangélico.
Depois dum tempo de diálogo para aprofundamento das ideias apresentadas, coube ao Pe. Amaro Gonçalo uma apresentação breve da caminhada Advento-Natal, que terá como tema “Todos irmãos, todos de casa” e será eminentemente familiar, convidando a intensificar a experiência da fraternidade e a realçar a simbologia da estrela, que marca o lugar onde Deus está.
Por fim, e atendendo a que o D. Manuel Linda, bispo do Porto se ausentara para participar no 60º aniversário dos CPM, coube ao bispo auxiliar, D. Pio Alves, a palavra final, que se traduziu em três apelos: que os conselheiros levem às suas comunidades este grande desafio de se assumirem como comunidades catequéticas, que saibamos equilibrar a prudência que a pandemia exige com o não ao medo e que não confinemos a nossa mente, antes a mantenhamos aberta ao Espírito.
(Ângelo Soares, secretário do CDP)