Tribuna do Leitor: gratidão a um sacerdote

No 1º aniversario do falecimento do padre António Fernando Lopes Ferreira. 

Nasceu a 23 de março 1937 em S. Cosme e S. Damião de Gondomar. Foi ordenado a 16 de outubro de 1960 tendo sido cooperador em Sandim , Vila Nova de Gaia e pároco de Real, Castelo de Paiva. Foi capelão militar em 1967. Fundador e Pároco da Paroquia de S. João de Ovar, depois pároco de Fornelo Vila do Conde. Professor de Educação de Moral e Religiosa. Foi pároco de S. Tomé de Negrelos durante 38 anos.

Obrigado Srº Padre António por aquilo que foi , pelo que é,   e por aquilo que continuará a ser.

Por aquilo que foi

Homem Defensor dos seus princípios e amante da sua Vocação.  Orientador nato no ensino da partilha, união alegria e solidariedade.  Adepto ferrenho do Padre Américo, viveu sempre para o outro, não se importando com ele mesmo. Viveu sempre em condições humildes. Rigoroso com o que fazia, por vezes exagerado, muitas vezes não o entendíamos mas hoje já o entendemos melhor.   Homem de uma inteligência e cultura invulgar, por isso alguns “choques” aconteciam. Vivia  talvez num outro patamar e não conseguia por vezes encurtar distancias.

Obrigado Srº Padre António pelas famílias que ajudou a crescer com a sua presença sempre atenta e orientadora. Os casais de Noivos que durante muitos anos acompanhou com os seus ensinamentos. Os escuteiros, os catequistas, a Pastoral Familiar, as Conferências Vicentinas que orientou com a Palavra de Deus num crescimento conjunto de Fé.

Por Aquilo que É  

Obrigado Srº Padre António pelas palavras e ensinamentos orientadores, que aqui neste lugar proferia nas homilias que fazia para todos nós.    Curtas   e ajustadas, sempre a deixar antever o mistério.

Curtas – não se alongava não se perdia em pormenores.

Ajustadas- dizia o essencial defendendo sempre o pobre e o marginalizado, o oprimido e os doentes, elevando a voz por vezes  a tocar o exagero contra os senhores materialistas desta sociedade e também aos exageros inerentes desta sociedade  dita moderna.

Deixar antever o mistério – nunca dizia tudo, deixava interrogações, inquietações e pistas. Punha-nos a pensar… Quantas vezes o caminho da Igreja a casa era um tempo de reflexão tentando perceber o sentido da mensagem, assim como por vezes era tema na hora do almoço. Questionado por vezes por um tema mais ou menos polémico, dizia;” a minha missão é provocar mexer as águas para que se formem consciências”.

Por aquilo que continuará a ser

As sementes que semeou nesta Terra S. Tome de Negrelos que lhe foi confiada durante 38 anos vão continuar a fortificar e dar frutos durante as próximas décadas.

Somente quem se esvazia de si mesmo numa entrega total a Deus é capaz de realizar tantos feitos como, celebrar, pregar, acolher, orientar e acompanhar as suas ovelhas.  Sabemos que a missão foi árdua, mas também sabemos que a alegria de servir foi o maior de todos os seus desafios.

J. Correia