Pacto global sobre educação: juntos para olhar além

Por Joaquim Armindo

“Lembremo-nos, irmãos e irmãs, de que as grandes transformações não se constroem à escrivaninha. Há uma “arquitetura” da paz em que intervêm as várias instituições e pessoas duma sociedade, cada qual segundo a sua competência, mas sem excluir ninguém. Por isso, devemos ir para diante: todos juntos, cada um como é, mas sempre olhando juntos para a frente, para a construção duma civilização da harmonia, da unidade, onde não haja lugar para esta pandemia ruim da cultura do descarte. Obrigado!”. Assim termina a mensagem enviada pelo bispo de Roma e papa Francisco ao encontro organizado pela Congregação para a Educação Católica e que contou com a participação da diretora-geral da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e de um jovem budista, realizada a semana passada. Este foco de Francisco é o mote para uma educação e cultura e resume explicitamente o teor deste Pacto (“Global Compact on Education. Together to look beyond”), ao reafirmar a inclusão de todos, numa sociedade onde a paz e justiça dominem.

Lembrando a “catástrofe educativa” que são 250 milhões de crianças excluídas de qualquer atividade educativa e formativa, propõe e compromete-se com um “Pacto”, discriminado em sete objetivos: um primeiro, colocar no centro do processo educativo a pessoa, a sua dignidade e a sua cultura; um segundo, ouvir a voz das crianças, adolescentes e jovens e transmitir os valores da justiça, da paz e da vida digna; terceiro, plena participação dos jovens e das meninas; quarto, ter a família como indispensável educador; quinto, a abertura para nos educarmos mutuamente e, especialmente, aos mais frágeis e marginalizados; sexto, encontrar novas formas de compreender a economia, a política, o desenvolvimento, na perspetiva de uma Ecologia Integral; sétimo, proteger a nossa casa comum e respeitar o ambiente humano e natural.

Este – diz o papa Francisco -, é um “novo modelo cultural”, para um desenvolvimento que defenda a dignidade das pessoas e que obste às “graves injustiças sociais, violações dos direitos, pobrezas profundas e descartes humanos”. Neste “Pacto”, não deixa de existir uma referência especifica “às meninas” e à “Ecologia Integral”, que denota uma necessidade de os mencionar, por serem significativos.

Compete-nos a nós “sair das escrivaninhas” “olhar além”!