A Evangelização ao ritmo da Igreja Ministerial

Um texto escrito pelo padre Mário João Soares que se encontra em Missão em Moçambique em nome da diocese do Porto.

A pastoral, na Paróquia de S. José de Itoculo, assenta no modelo da Igreja Ministerial, «onde cada membro assume a própria responsabilidade, numa comunidade de servos» (Assembleia Nacional de Pastoral, Beira, Moçambique, 1977) e é orientado pela Equipa Missionária (atualmente, 2 Padres Espiritanos, 1 Padre Diocesano do Porto, 2 leigas missionárias e 6 Irmãs Espiritanas).

Cada Comunidade (ou Sala) é animada por inúmeros Ministérios: o Ancião (responsável pela comunidade e celebrante), os Animadores Catequistas (3 etapas de catequese de adultos, 6 etapas de catequese de infância), um Casal Animador da Família, uma Animadora das Mamãs, um Animador dos Jovens, um Animador da Infância e Adolescência Missionária (IAM), um Animador das Vocações, um Animador da Caritas, um Animador da Saúde, um Animador da Comunicação Social, um Animador da Justiça e Paz e, por último, o responsável da Economia (o Económico). Existem também em algumas comunidades a Legião de Maria e o Movimento de Oração Comunidades de Jerusalém. Cada comunidade está organizada por núcleos (3 ou mais), que reúnem às quartas-feiras sob a orientação do animador de núcleo. Aos sábados têm catequese e, aos domingos, oração, catequese e Celebração da Palavra.

As Comunidades (83) agrupam-se por Zonas (16) e trabalham sob a orientação do Animador Zonal Geral, ajudado pelos Animadores Zonais de cada ministério que, normalmente, cada domingo visitam as Comunidades da sua Zona.

As Zonas agrupam-se por Regiões (4) e trabalham sob a orientação do Animador Regional Geral, ajudado pelos Animadores Regionais de cada ministério, o Casal Regional Conselheiro dos Jovens e o Casal União de Facto (sensibiliza para o matrimónio católico). Todos eles, normalmente, visitam cada domingo as Comunidades da sua Região.

A pastoral é pensada e programada pelo Conselho Paroquial, existe depois o Conselho Regional orientado pelo Pároco, e depois o Conselho de Zona e o Conselho de Comunidade só com Animadores. Todos os Ministérios têm reunião/formação Regional (de 2 em 2 meses) orientada por um membro da Equipa Missionária, assim como uma formação anual no Centro Paroquial de 3 dias.

Nos Tempos fortes, as celebrações dominicais (atualmente, 3 por domingo) são Zonais: no Advento e na Quaresma  com confissões, no Natal com o Batismo de crianças de colo, na Páscoa com o Batismo dos Catecúmenos (que fizeram os escrutínios na Quaresma) e Matrimónio. A Equipa Missionária visita e celebra com as Comunidades às quartas-feiras (2 Equipas) e, no Tempo Comum, aos domingos (3 Equipas). A visita às Comunidades é oportunidade de ouvir e estar com as pessoas, sentir o pulsar da Comunidade, visitar e confessar os doentes e os idosos (que não conseguem chegar nas celebrações da sua Zona).

Na catequese da Audiência Geral de 23 de Setembro de 2020 o Papa Francisco dizia que «Para sairmos melhores de uma crise, deve ser implementado o princípio da subsidiariedade, respeitando a autonomia e a capacidade de iniciativa de todos, especialmente dos últimos. Todas as partes de um corpo são necessárias e, como diz São Paulo, as partes que podem parecer mais frágeis e menos importantes são na realidade as mais necessárias (cf. 1 Cor 12, 22). À luz desta imagem, podemos dizer que o princípio da subsidiariedade permite a cada um assumir o seu próprio papel no cuidado e destino da sociedade [eu gostava que, onde se lê sociedade se lê-se Igreja]. A sua implementação, a sua atuação, a atuação do princípio de subsidiariedade dá esperança […]. Ou trabalhamos em conjunto para sair da crise, a todos os níveis da sociedade [= da Igreja], ou nunca o faremos. Sair da crise não significa dar uma pincelada nas situações atuais para as fazer parecer um pouco mais justas. Sair da crise significa mudar, e a mudança real é feita por todos […]. E todos juntos, todos em comunidade. Se não o fizerem todos, o resultado será negativo!

A esperança é audaz, por isso encorajemo-nos uns aos outros a sonhar alto. Irmãos e irmãs, aprendamos a sonhar alto! Não tenhamos medo de sonhar alto, procurando os ideais de justiça e amor social que nascem da esperança. Não procuremos reconstruir o passado, o passado é passado, esperam-nos realidades novas. O Senhor prometeu: “Renovarei todas as coisas”. Encorajemo-nos uns aos outros a sonhar alto, buscando estes ideais, não procuremos reconstruir o passado […]. Construamos um futuro onde a dimensão local e global se enriqueçam mutuamente […].»

padre Mário João com Equipa Missionária de Itoculo em Moçambique