Fratelli tutti: ainda continuaremos a rejeitar esta água?

Por Joaquim Armindo

Não é possível ler a encíclica “Todos Irmãos” (Fratelli Tutti), sem a agregar à encíclica “Laudato Si`” e à exortação pós-sinodal “Querida Amazónia”. Com a encíclica “Alegria do Evangelho”, temos um brilhante quadro pintado com as cores da Humanidade, é como um coro harmonioso que cintila nos ouvidos de quem os lê. O grande problema que têm estes documentos é que a maioria das pessoas não os lê, nem reflete, quanto mais os levar à prática. Os teólogos examinam – aqueles que examinam -, fazem discursos, entrevistas e tudo o mais, para a seguir os esquecer. Quem não compreende a “Laudato Si´”, sobre o desenvolvimento humano e a sustentabilidade, nas suas caraterísticas económicas, culturais, ambientais e sociais, não pode empreender este caminho de Francisco, através da “Querida Amazónia” – então esta não pensar, não é para nós -, da última encíclica “Todos Irmãos”. E nunca compreenderá o que os cristãos e as cristãs do nosso Cosmos poderão fazer para a defesa da Criação, e da Fraternidade e Amizade Social. Os caminhos de Francisco de Assis ou de Francisco de Roma, são imprescindíveis para se compreender Jesus, Servo dos Servos.

Parêntesis: só para lamentar que nesta última encíclica a questão das mulheres não seja tratada com a devida atenção, não só a questão das prostitutas, mas de tudo o universo ligado às mulheres: a sua discriminação na Sociedade e na Igreja.

Toda a encíclica é baseada no Amor, como fulcro fundamental, onde a cultura adquire significado especial e ao escrever que “O sujeito desta cultura [do encontro] é o povo, não um setor da sociedade que tenta manter tranquilo o resto com recursos profissionais e mediáticos”, está a dar como aniquilador da Humanidade o neoliberalismo económico, tutelado pelos “populismos” que em todo o mundo se fazem reviver, incluindo no nosso Portugal.

As leis, sejam de que código for, que sustentam a subjugação do Amor, do Perdão e da Misericórdia, são iníquas, e não transformadoras dos “cegos que pensam que vêm, mas não vêm”, como diz o nosso Povo. Mas, a maior “farpa” é dirigida às religiões e a nós cristãs e cristãos, que vemos, ouvimos e lemos e ignoramos.

Que o Espírito do Senhor, a quem dizemos amar, seja connosco e nunca mais deixemos a ORA+AÇÃO, de todos estes documentos. Ignorá-los é muito mau, não os aplicar é crime!