Domingo XXVIII do Tempo Comum

Foto: Rui Saraiva

11 de Outubro de 2020

 

Indicação das leituras

Leitura do Livro de Isaías                                                                                   Is 25,6-10a

«O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo».

 

Salmo Responsorial                                            Salmo 22 (23)

Habitarei para sempre na casa do Senhor

 

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses                     Filip 4,12-14.19-20

«Tudo posso n’Aquele que me conforta».

 

Aclamação ao Evangelho           cf. Ef 1,17-18

Aleluia. 

Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo,

ilumine os olhos do nosso coração,

para sabermos a que esperança fomos chamados.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus                         Mt 22,1-14

«Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo».

«O reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho».

«Muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos»

 

Viver a Palavra

Tudo começa com um convite, um dom e uma oferta. No início não está uma obrigação, uma proibição ou um lamento, mas um Rei que é figura do Pai Celeste e «preparou um banquete nupcial para o seu filho». O nosso Deus é um Deus de festa e convida-nos a entrar na alegria nova que o Seu amor nos oferece.

Continuando o nosso itinerário com o Evangelho de S. Mateus, verificamos que os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo continuam na mira da pregação de Jesus. Percebendo que Jesus se dirigia a eles na parábola dos dois filhos (Mt 21,28-32) e na parábola dos vinhateiros homicidas (Mt 21,33-43), eles procuram prender Jesus e a única coisa que os impede é o receio das multidões que consideram Jesus um profeta. Jesus volta-se para eles e conta-lhes uma nova parábola que serve de resposta aos pensamentos e planos violentos que as parábolas anteriores desencadearam neles.

«O reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho». O Reino de Deus que somos chamados a construir aqui e agora, sabendo que apenas o habitaremos em plenitude no céu, é comparável à solicitude de um rei que prepara um banquete. Preparar um banquete para alguém significa dizer-lhe quanto o amamos e quanto o queremos na intimidade da nossa mesa.

O rei convida para a sua mesa e não desiste ao primeiro não. Depois dos primeiros servos terem saído a convocar para a festa e terem recebido apenas a indiferença dos convidados, manda outros servos com um apelo mais incisivo: «dizei aos convidados: preparei o meu banquete, os bois e os cevados foram abatidos, tudo está pronto. Vinde às bodas». Contudo, uma vez mais recusam o convite e, se alguns partiram indiferentes para os seus afazeres quotidianos, outros foram violentos e homicidas, maltratando e matando os servos. Mas este rei não desiste da sua festa e, sendo rejeitado por aqueles que eram os convidados primeiros, envia um convite que se destina a todos aqueles que forem encontrados nas encruzilhadas dos caminhos. A festa encheu-se de convidados, a alegria inundou o palácio e celebraram juntos a certeza de um amor maior que nos faz sentar à mesa do rei.

Como é belo caminhar com Jesus e descobrir no rosto misericordioso de Deus um Pai que nos convoca para as núpcias do seu filho e incessantemente nos chama a tomar parte da Sua alegria.

A parábola desenrola-se na dialéctica do dom e da responsabilidade. O convite é gratuito, mas compromete quem o recebe e pede-lhe que a ele corresponda. Deus porque nos ama, chama-nos mas convida-nos a aderir livremente ao projecto de amor e felicidade que tem para cada um de nós.

Como é belo ver um Deus que quando é rejeitado, ao invés de se fechar em si próprio alarga ainda mais o Seu coração e envia os seus servos para que o apelo do seu chamamento chegue cada vez mais longe.

Surpreende-nos o final desta parábola: um dos convidados não traz o traje nupcial. Na verdade, a surpresa maior é que todos os outros «maus e bons» sejam portadores de um traje nupcial. Contudo, na cultura oriental, quem convida oferece o traje nupcial e, por isso, se este homem não traz o traje é porque o rejeitou. Também nós pelo nosso baptismo fomos revestidos com a veste branca, símbolo da dignidade cristã, da pureza e da vida nova que somos chamados a cuidar para que a conservemos «imaculada até à vida eterna». O amor que Deus derramado sobre nós é dom a ser acolhido e missão a realizar para que o mundo possa ser o lugar que Deus sonhou para nós e para que a vida de cada homem e de cada mulher seja uma vida mais feliz.

 

Homiliário patrístico

Das Catequeses de São Cirilo de Jerusalém, bispo (Séc. IV)

Começai a lavar as vossas vestes pela penitência, para que o Esposo vos encontre sem mancha quando fordes chamados à sua presença. O Esposo chama todos sem discriminação, porque a sua graça é ampla e generosa; todos são convocados pela voz dos seus arautos; mas depois Ele próprio há-de escolher os que entram naquelas núpcias, que são a figura do Baptismo.

Não aconteça agora que algum daqueles que deram o nome cheguem a ouvir estas palavras: Amigo, como entraste aqui sem a veste nupcial? 

Queira Deus que a todos vós seja possível ouvir: Muito bem, servo bom e fiel. Foste fiel em pouco, dar-te-ei poder sobre muito. Entra na alegria do teu Senhor. Até agora, com efeito, tendes estado de pé à porta; assim todos possais dizer: O rei fez-me entrar no seu tesouro. A minha alma exulta no Senhor; Ele me revestiu com a veste da salvação e me envolveu num manto de justiça, como ao noivo que é coroado com o diadema, como à noiva que se adorna com suas jóias.

Seja a alma de todos vós encontrada sem mancha nem ruga ou coisa semelhante: não que esteja já assim antes de terdes recebido a graça – como poderia ser, se sois chamados à remissão dos pecados? – mas fazei de modo que a vossa consciência nada tenha que vos condene quando receberdes o Baptismo, e assim concorra para o efeito da graça.

Trata-se, irmãos, de um acontecimento da maior importância: aproximai-vos do Baptismo com grande cuidado. Cada um de vós se apresentará diante de Deus, na presença de multidões inumeráveis de Anjos. O Espírito Santo marcará as vossas almas com o seu sinal; vós ides ser recrutados para o exército do grande Rei.

Preparai-vos, portanto, e estai em ordem, não apenas com a brancura resplandecente das vossas vestes, mas com o fervor da vossa alma segura da sua inocência.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. Neste Domingo XXVIII do Tempo Comum, o Evangelho convida-nos a contemplar o Reino dos Céus como «um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho». O nosso Deus convoca-nos para a missão e convida-nos a tomar parte no seu banquete. Somos amados, chamados e escolhidos para colaborar na construção de um mundo novo. Deste modo, este Domingo é uma oportunidade para uma reflexão acerca da dimensão vocacional da vida cristã. Somos chamados a responder afirmativamente ao convite que Deus nos dirige e a Igreja tem a missão de ser mãe que a todos convoca para que descubram o projecto de amor e felicidade que Deus tem para cada um de nós.

 

  1. Para os leitores: a primeira leitura é marcada pelo anúncio alegre e feliz de um Deus que prepara para todos os povos um banquete que inaugura uma era de paz e consolação. A proclamação desta leitura deve ter presente este tom alegre e jubiloso que anuncia o fim das lágrimas e o início de uma era de felicidade. Além disso, deve ter-se em atenção as descrições e enumerações bem como a repetição da expressão «sobre este monte». A proclamação da segunda leitura deve ter presente de modo especial o centro de todo o texto «tudo posso n’Aquele que me conforta» e a conclusão doxológica «Glória a Deus, nosso Pai, pelos séculos dos séculos. Amen»

 

Sugestões de cânticos

Entrada: Tende compaixão de nós, Senhor – F. Silva (CN 952); Salmo Responsorial:  Habitarei para sempre na casa do Senhor (Sl 22) –  M. Luís (SRML, p. 48-49); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo… – M. Carneiro (CN 51); Ofertório: Tudo posso n’Aquele que me conforta – C. Silva (CN 978); Comunhão: Vinde comer do meu pão – C. Silva (CN 999); Pós-Comunhão: Pelo vosso eterno amor – M. Luís (CN 801); Final: Povo teu somos, ó Senhor – L. Bourgeois (CN 821).